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Uma nova língua nasceu numa remota aldeia australiana

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Mick Erglis/Flickr

Vista aérea da aldeia de Lajamanu, Austrália

Uma pitada do inglês australiano aborígene, Warlpiri, e um bocadinho do Kriol, um crioulo baseado no inglês, deu origem à nova língua, conhecida como Light Warlpiri. Só 350 pessoas a falam.

Na pequena aldeia de Lajamanu, a Norte da Austrália, predominantemente habitada pelo povo Warlpiri, evoluiu uma fascinante e única mistura de duas outras línguas, o inglês australiano aborígene Warlpiri e o Kriol, um crioulo baseado no inglês.

O desenvolvimento linguístico terá surgido nas décadas de 1970 e 80 quando adultos Warlpiri começaram a incorporar ocasionalmente palavras em inglês ou Kriol nas frases em Warlpiri, um processo conhecido como alternância de código.

As crianças em Lajamanu assimilaram estas frases híbridas como uma única língua e desenvolveram-na ainda mais, até que a professora de linguística Carmel O’Shannessy, da Universidade Nacional Australiana a relatou, em 2005.

Ouça como soa a língua falada por apenas 350 pessoas no mundo através da voz de uma menina, que conta uma história sobre um monstro no vídeo abaixo:

A formação de uma língua mista como Light Warlpiri — também apelidada de Warlpiri rampaku — é muito rara.

“Para que uma língua mista se desenvolva, é necessário ter bilíngues ou multilíngues, que alternem frequentemente entre códigos, de uma forma muito sistemática, e que tenham algum tipo de razão social para criar a sua própria maneira de falar,” disse O’Shannessy ao Atlas Obscura. “A alternância de código normalmente não leva a este tipo de resultado, é bastante raro,” explicou.

A língua evoluiu para se tornar a língua materna de alguns em Lajamanu, algo que tem sido alvo de preocupação dado que o Warlpiri tradicional já está em perigo, sendo falado por apenas cerca de quatro mil pessoas, segundo o IFL Science. Light Warlpiri, ainda mais rara, tem aproximadamente 350 falantes, a maioria com menos de 40 anos.

O isolamento extremo de Lajamanu, situado a mais de 560 quilómetros da cidade mais próxima de tamanho significativo e acessível principalmente por estradas de terra em mau estado, teve um papel fundamental no fascinante desenvolvimento do Light Warlpiri.

A singularidade do Light Warlpiri não está apenas no vocabulário, mas também na sua estrutura, que combina elementos das suas três línguas-mãe. Os verbos derivam principalmente do inglês ou do Kriol, enquanto a maioria dos outros componentes gramaticais provém do Warlpiri; já os substantivos são retirados tanto do Warlpiri quanto de fontes em inglês, explicou a autora num artigo sobre o Light Warlpiri publicado em 2013.

“A reestruturação do sistema auxiliar seleciona elementos do Warlpiri e de várias variedades e estilos do inglês e/ou Kriol, combinados de tal forma que produzem construções inovadoras,” acrescentou O’Shannessy.

ZAP //

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