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Uma nova era: China vai ter a primeira central de fusão nuclear da História

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// CFP / CGTN

Experimental Advanced Superconducting Tokamak (EAST)

O governo chinês  está convencido de que terá a sua primeira central de fusão nuclear a produzir energia para a rede elétrica comercial dentro de apenas cinco anos — décadas antes do resto do mundo.

A China quer pôr em funcionamento a primeira central de fusão nuclear da história em 2030 — um prazo espantoso que, a ser verdade, colocaria Pequim décadas à frente de qualquer outro país.

De acordo com o governo chinês, não se trata de um projeto experimental, mas de  uma central comercial que será ligada à rede elétrica do país.

O projeto chama-se Xinghuo e será o culminar de décadas de investigação em que a China alcançou vários recordes mundiais.

No mês de janeiro, o “sol artificial” da China bateu novamente o seu recorde de fusão nuclear com o Experimental Advanced Superconducting Tokamak Superconducting (EAST), mantendo um plasma de alto confinamento em estado estacionário durante 1066 segundos — criando virtualmente “energia quase ilimitada”.

Em fevereiro, no entanto, cientistas franceses arrasaram estes recordes com o reator WEST, que manteve um circuito de plasma em combustão durante mais de 22 minutos.

Em 2023, o EAST chinês tinha estabelecido o recorde mundial em 403 segundos com o mesmo reator. Na altura, Pequim afirmou que planeava ter a sua primeira central de fusão ligada à rede chinesa até 2035.

Agora, a data acaba de ser antecipada em cinco anos — um anúncio que deve ser recebido com uma dose considerável de ceticismo, nota o El Confidencial.

O que é o Xinghouo

O Xinghuo será o primeiro reator nuclear híbrido de fusão-fissão, um pormenor que os cientistas dizem ser necessário para assegurar o fluxo contínuo de eletricidade necessário para ligar o reator de fusão à rede comercial com energia sustentada, sem o expor a picos e quedas de energia.

Com um custo estimado de 2,55 mil milhões de euros, a central foi concebida para gerar 100 megawatts de eletricidade contínua. Ficará situada na ilha científica de Yaohu, uma zona estratégica devido aos seus recursos de cobre, essenciais para os supercondutores do reator.

Ao contrário dos reatores de fusão puros, como o EAST, o Xinghuo combinará neutrões de alta energia provenientes da fusão para desencadear reações de cisão nos materiais circundantes. Esta abordagem híbrida visa multiplicar a produção de energia e reduzir os resíduos radioactivos de longa duração.

O projeto Xinghuo beneficia dos avanços científicos conseguidos nos últimos anos pelo EAST. Mas há desafios consideráveis para o seu desenvolvimento, como a criação de materiais capazes de suportar neutrões de alta energia e a produção eficiente de trítio, um isótopo escasso e fundamental para a fusão.

Made in China 2025

Xinghuo faz parte do Made in China 2025, uma iniciativa pública lançada em 2015 pelo governo de Pequim para tornar o país um líder tecnológico global em todos os sectores.

O plano combina empresas privadas, investigação universitária e a participação do governo chinês, especialmente no sector da defesa — uma estratégia semelhante à que os Estados Unidos desenvolveram na década de 1950 para o programa Apollo.

O Governo chinês não está apenas a promover a fusão e a energia nuclear, mas também as energias renováveis. A indústria chinesa já produz atualmente mais de 80% dos painéis solares do mundo e possui a maior central fotovoltaica do mundo, em Urumqi.

Se Xinghuo cumprir o calendário previsto, a China ficará décadas à frente de projectos semelhantes, como o STEP do Reino Unido, previsto para 2040.

Este progresso coincidiria com um contexto económico complexo: o país está a tentar manter um crescimento do PIB de 5% em 2025, face às tensões comerciais, como as tarifas aplicadas pelos EUA aos veículos elétricos chineses, e ao abrandamento nos sectores tradicionais.

De acordo com Zhang Jie, conselheiro científico do governo chinês. “Xinghuo não é apenas um reator: é uma declaração de soberania tecnológica. Com ele, Pequim pretende controlar o que poderá ser a maior revolução energética do século XXI.

ZAP //

2 Comments

    • Aconteceu e vai ser posto em prática. Aparentemente os chineses esforçam-se por criar qualquer coisa de útil, enquanto os americanos só se preocupam em inventar alguma coisa com poder de destruiçao máximo como por exemplo (mencionado nesta página aeiou), novas bombas nucleares gravitacionais.

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