Um reator de fusão nuclear na China, apelidado de “sol artificial”, bateu o próprio recorde, aproximando a humanidade de uma energia limpa quase ilimitada.
O “sol artificial” da China bateu, esta segunda-feira, o seu próprio recorde mundial de manutenção de plasma superquente.
A notícia foi avançada pela imprensa estatal chinesa, assinalando mais um marco no longo caminho para a energia limpa quase ilimitada.
O reator de fusão nuclear Experimental Advanced Superconducting Tokamak (EAST) manteve um circuito estável e altamente confinado de plasma – o quarto estado de alta energia da matéria – durante 1066 segundos – o que mais do que duplicou o seu recorde anterior de 403 segundos.
Como explica a Live Science, os reatores de fusão nuclear são apelidados de “sóis artificiais” porque geram energia de uma forma semelhante à do sol – fundindo dois átomos leves num único átomo pesado através do calor e da pressão.
O EAST é um reator de confinamento magnético – ou tokamak – concebido para manter o plasma em combustão contínua durante períodos prolongados.
Reatores como este nunca atingiram a ignição, que é o ponto em que a fusão nuclear cria a sua própria energia e sustenta a sua própria reação, mas o novo recorde é um passo em frente na manutenção de loops de plasma prolongados e confinados de que os futuros reactores necessitarão para gerar eletricidade.
“Um dispositivo de fusão tem de conseguir um funcionamento estável e de alta eficiência durante milhares de segundos para permitir a circulação auto-sustentada do plasma – o que é fundamental para a produção contínua de energia nas futuras centrais de fusão”, explicou Song Yuntao, diretor do Instituto de Física de Plasmas responsável pelo projeto de fusão na Academia Chinesa de Ciências, aos meios de comunicação social estatais chineses.
Mas o “Santo Graal” ainda está longe
A fusão nuclear oferece o potencial de uma fonte de energia quase ilimitada, sem emissões de gases com efeito de estufa ou muitos resíduos nucleares. Os investigadores esperam que possamos ter energia de fusão dentro de décadas, para agilizar a resposta à crise climática.
Porém, pode demorar muito mais tempo. O novo recorde do EAST não permite a criação imediata daquilo a que se chama o “Santo Graal” da energia limpa.
Além disso, o EAST, tal como os vários reatores de fusão nuclear existentes em todo o mundo, consomem atualmente muito mais energia do que a que produzem.
Em 2022, por exemplo, o reator de fusão do National Ignition Facility dos EUA conseguiu uma breve ignição no seu núcleo, utilizando um método experimental diferente do do EAST, que se baseia em rajadas rápidas de energia. No entanto, o reator no seu conjunto continuou a utilizar mais energia do que a que consumia.
A China faz parte do programa do Reator Termonuclear Experimental Internacional (ITER), que está a ser construído em França, mas que envolve dezenas de países, incluindo os EUA, o Reino Unido, o Japão, a Coreia do Sul e a Rússia.
O ITER contém o íman mais potente do mundo. Será ativado, na melhor das hipóteses, em 2039. Como escreve a Live Science e utilizado para criar uma fusão sustentada para fins de investigação, podendo também abrir caminho a centrais elétricas de fusão.