Uma das rotas intercontinentais mais misteriosas da humanidade foi “escrita” num pedaço de resina

Quando e como é que os primeiro humanos chegaram à Austrália? Um simples pedaço de resina está prestes a explicar aquele que é um dos maiores mistérios intercontinentais da humanidade.

Um pedaço de resina vegetal encontrado numa ilha no leste da Indonésia sugere que humanos viveram ali há pelo menos 55.000 anos.

Essa descoberta, revelada num estudo publicado esta terça-feira na Antiquity, indica uma possível rota dos primeiros humanos modernos para chegar à Austrália.

Este achado fornece pistas muito importantes sobre a trajetória e o timing desta migração, que é, desde sempre, objeto de debate.

Sabe-se que os humanos modernos se dirigiram para a Austrália, partindo do sudeste da Ásia continental, passando pela Indonésia e outras ilhas do Sudeste Asiático. Mas a data exata da chegada continua a ser discutida.

Provas genéticas sugerem uma chegada há menos de 50.000 anos, enquanto evidências arqueológicas indicam uma presença anterior, possivelmente há 65.000 ou até 80.000 anos.

A rota exata é igualmente incerta, devido às diferenças geográficas na época. Como explica a New Scientist, naquela época a Terra encontrava-se num período glaciar frio, pelo que havia mais água retida nos lençóis de gelo e o nível do mar era mais baixo. Isso significa que algumas massas de terra que hoje são ilhas estavam ligadas a continentes.

Havia duas rotas possíveis que os humanos poderiam ter seguido para chegar à Austrália: A rota do norte dirige-se diretamente para leste de Bornéu para Sulawesi e para a Nova Guiné, seguindo depois para sul até à Austrália. Por seu turno, a rota do sul segue por Java, passando por Bali e Timor até ao norte da Austrália.

Dylan Gaffney et al.

As duas rotas possíveis para chegar à Austrália

À margem do novo estudo, a equipa da Universidade de Oxford escavou a gruta de Mololo na ilha de Waigeo, ao longo da rota norte.

Nos sedimentos, encontraram carvão, lascas de pedra e um pedaço de resina angular apenas com 1,4 centímetros de diâmetro, o que sugere que foi cortada de uma árvore em vez de se ter acumulado naturalmente.

Como refere a New Scientist, a datação por radiocarbono indica que o artefacto tem pelo menos 55.000 anos.

Citado pela mesma revista, o líder da investigação diz que aquele pedaço de resina foi usado como combustível.  “É muito inflamável e é uma boa fonte de luz nas grutas”, explicou Dylan Gaffney.

A maioria das escavações arqueológicas para decifrar este mistério concentrou-se na rota sul. Só nos últimos anos é que investigadores começaram a explorar a opção do norte.

A nova descoberta – consideram os investigadores – é uma forte evidência de que os humanos usaram a rota norte para chegar à Austrália.

ZAP //

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