Uma equipa de astrónomos descobriram novos indícios de um planeta gigante e escaldante a orbitar Vega, uma das estrelas mais brilhantes do céu noturno.
A investigação, liderada por Spencer Hurt, alunos do Departamento de Ciências Astrofísicas e Planetárias da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, concentra-se numa estrela icónica e relativamente jovem que faz parte da constelação de Lyra e tem uma massa duas vezes maior do que o nosso Sol. Chamada Vega, este corpo celestial fica a apenas 25 anos-luz da Terra.
Os cientistas conseguem ver Vega com telescópios, mesmo quando a luz está apagada, o que a torna uma excelente candidata para investigar. “É suficientemente brilhante para observá-la no crepúsculo, quando outras estrelas estão a ser destruídas pela luz do sol”, disse Samuel Quinn, astrónomos do Harvard and Smithsonian Center for Astrophysics, em comunicado.
Apesar da fama da estrela, os cientistas ainda não encontraram um único planeta em órbita ao redor de Vega. No entanto, isso pode estar prestes a mudar: com base numa década de observações terrestres, Hurt, Quinn e os seus colegas descobriram um sinal que poderia ser o primeiro mundo conhecido da estrela.
Os especialistas estudaram 10 anos de dados sobre Vega colhidos pelo Fred Lawrence Whipple Observatory. A equipa estava à procura de um sinal revelador de um planeta alienígena – uma ligeira oscilação na velocidade da estrela. “Se se tem um planeta ao redor de uma estrela, pode puxar a estrela, fazendo-a balançar para frente e para trás”, explicou Quinn.
A equipa descobriu um sinal que indica que Vega pode hospedar o que os astrónomos chamam de “Neptuno quente” ou um “Júpiter quente”. “Teria pelo menos o tamanho de Neptuno, potencialmente tão grande como Júpiter e estaria mais perto de Vega do que Mercúrio do Sol”, disse Hurt.
Se as descobertas da equipa se confirmarem, o planeta orbitaria tão perto de Vega que os seus anos durariam menos de dois dias e meio na Terra. Este planeta também poderia ser classificado como o segundo mundo mais quente conhecido pela ciência – com temperaturas de superfície em média 2.976 graus Celsius.
Esta investigação também ajuda a identificar a localização de outros mundos exóticos, que se podem estar a esconder na vizinhança de Vega. “Este é um sistema massivo, muito maior do que o nosso próprio Sistema Solar”, disse Hurt. “Pode haver outros planetas em todo o sistema. É apenas uma questão de saber se conseguimos detetá-los”.
Até hoje, os cientistas descobriram mais de 4.000 exoplanetas. Porém, poucos circundam estrelas que são tão brilhantes ou tão próximas da Terra como Vega. Isso significa que, se houver planetas ao redor da estrela, os cientistas conseguem ter uma visão detalhada.
“Seria muito empolgante encontrar um planeta ao redor de Vega porque oferece possibilidades de caracterização futura de uma forma que os planetas ao redor de estrelas mais fracas não ofereceriam”, disse Quinn.
No entanto, há outro problema: Vega é uma estrela do tipo A, o nome de objetos que tendem a ser maiores, mais jovens e girar muito mais rápido do que o nosso Sol. Vega gira em torno do seu eixo uma vez a cada 16 horas – o Sol tem um período de rotação que atinge 27 dias terrestres.
Um ritmo tão rápido, segundo Quinn, pode tornar difícil a recolha dados precisos sobre o movimento da estrela e quaisquer planetas em órbita ao redor dela.
Para já, os investigadores ainda têm muito trabalho a fazer antes de dizerem definitivamente que descobriram um planeta escaldante. Segundo Hurt, a forma mais fácil de procurá-lo seria examinar o sistema estelar diretamente para procurar a luz emitida pelo planeta quente e brilhante.
Este estudo foi publicado este mês na revista científica The Astronomical Journal.