Uma cidade americana obriga por lei os cidadãos a terem uma arma

Kennesaw Development Authority

A cidade de Kennesaw, nos EUA

Todos os “chefes de família” da cidade de Kennesaw, na Geórgia, têm de ter uma arma de fogo e munições. É por “proteção” e um motivo de orgulho.

A lei municipal que obriga os “chefes de família” de Kennesaw, na Geórgia, a possuírem uma arma de fogo, bem como munições, remonta aos anos 80.

Mas, hoje, é ainda um motivo de orgulho para o presidente da Câmara, Derek Easterling, que está no cargo há já 3 mandatos. “Não é como se andássemos por aí com uma arma na anca, como no Oeste Selvagem”, diz à BBC. Mas, por casa, “não é uma lei simbólica. Não estou numa de fazer coisas só para dar nas vistas”.

Para garantir e proteger a segurança, a proteção e o bem-estar geral da cidade e dos seus habitantes, todos os chefes de família que residam nos limites da cidade são obrigados a ter uma arma de fogo, juntamente com munições”, lê-se na lei municipal.

Até hoje, não há registos, desde que a lei foi aplicada, em 1982, de qualquer processo ou detenção por violação desse artigo, o Artigo II, Secção 34-21. Se alguém desrespeitar essa lei, ninguém sabe o que acontece. “Não vamos bater à sua porta e dizer: ‘Deixe-me ver a sua arma'”, diz o presidente.

“Se há alguma coisa que os criminosos têm de se preocupar é com o facto de que, se invadirem a nossa casa e estivermos lá, não sabem o que temos”, atiram alguns cidadãos, dentro de um restaurante.

Pat Ferris, que se mudou para Kennesaw em 1984, dois anos após a aprovação da lei, disse que a lei foi criada para ser “mais uma declaração política do que qualquer outra coisa”.

Outro habitante, o zelador Weatherby, recorda que quando era pequeno o pai lhe dizia, meio a brincar meio a sério: “Não me interessa se não gostas de armas, é a lei.” “Ensinaram-me que, se és um homem, tens de ter uma arma“, disse.

James Rabun, o dono da loja de armas da localidade, a Deercreek Gun Shop, adora o negócio. “O que é fixe nas armas de fogo”, diz ele com um entusiasmo sincero, “é que as pessoas compram-nas para defesa pessoal, mas muitas pessoas gostam delas como obras de arte ou como bitcoin — coisas valiosas”.

Mas também há quem se oponha à lei, até mesmo quem detém uma arma. Cris Welsh tem duas filhas, gosta de caçar e é membro de um clube de tiro. Tem, claro está, uma arma em casa. No entanto, não gosta da lei que obriga à posse delas: “deixa as pessoas desconfortáveis”, diz.

Madelyn Orochena, membro do conselho municipal, concorda que a lei é “algo que as pessoas preferem não publicitar”. Mas desvaloriza: “é apenas um pequeno factoide estranho sobre a nossa comunidade“.

ZAP //

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