Uma cadeira com 700 anos está a ser restaurada para a coroação de Carlos III

A cadeira medieval usada na coroação dos monarcas da família real britânica está a ser restaurada, de forma a estar pronta para a coroação do rei Carlos III.

Com 700 anos, a cadeira feita de carvalho é descrita como “extremamente frágil” por especialistas em conservação da Abadia de Westminster, em Londres.

O meticuloso trabalho de preservação destina-se a limpar a cadeira e estabilizar as suas camadas douradas descamadas.

Tudo isto faz parte dos preparativos para a cerimónia de coroação do rei que será realizada na Abadia de Westminster, a 6 de maio.

A histórica cadeira da coroação, peça central da cerimónia há séculos, é uma “obra de arte única”, afirma a especialista em conservação Krista Blessley. “É a peça de mobiliário mais antiga ainda usada para a sua finalidade original”, afirma.

A cadeira foi feita por ordem de Eduardo I, que reinou de 1272 a 1307, e foi usada em praticamente todas as cerimónias de coroação desde então.

Mas Blessley esclarece que “não é uma peça de museu” e sofreu duros golpes ao longo do tempo.

Turistas e crianças em idade escolar marcaram a mobília nos séculos XVIII e XIX. “P. Abbott dormiu nesta cadeira entre 5 e 6 de julho de 1800″ está entre os dizeres entalhados na cadeira, que será usada pelo rei Carlos na cerimónia.

Posteriormente, a cadeira foi danificada num ataque com uma bomba em 1914, atribuído a sufragistas que faziam campanha pelo voto feminino.

“É extremamente frágil. Tem uma estrutura de camadas complexa, o que significa que as camadas douradas muitas vezes descamam, então muito do meu trabalho é colar essas camadas douradas de volta, certificando-me de que estão completamente firmes antes da coroação”, diz Blessley.

A especialista em conservação já está a trabalhar na cadeira há quatro meses. “Se houver pequenas mudanças na humidade, a madeira move-se, e essa complexa estrutura de camadas move-se — e novas áreas vão levantar. Posso firmar algo neste mês, e em dois meses talvez precise de firmar novamente“, explica Blessley.

Mas Blessley está muito orgulhosa de estar a trabalhar num “exemplo primoroso” de artesanato medieval, incluindo o facto de ter encontrado um desenho de dedos do pé, até então desconhecido, na parte de trás da cadeira.

Na sua forma medieval original, a cadeira era revestida com folhas de ouro douradas e vidro colorido, com desenhos de pássaros, folhagens, animais, santos e um rei.

A cadeira foi projetada para incluir a Pedra da Coroação, ou Pedra do Destino, que tinha sido levada da Escócia por Eduardo I. A pedra, que atualmente está na capital escocesa, Edimburgo, deve ser levada para a Abadia de Westminster para a coroação.

George Gross, da Universidade King’s College London, no Reino Unido, faz parte de um projeto de pesquisa sobre a história das coroações. Nas coroações recentes, a cadeira com estilo gótico de encosto alto foi deixada descoberta, mas nas eras Tudor e Stuart, teria sido coberta por um luxuoso pano de ouro.

A coroação tem um forte elemento religioso, e Gross acredita que a antiga cadeira adquiriu o seu próprio estatuto sagrado — como uma “relíquia profundamente mística”, que era vista “a emanar uma forma de radioatividade espiritual“.

À medida que a coroação do rei Carlos III se aproxima, começam a sugir detalhes sobre a cerimónia, incluindo 12 músicas novas especialmente compostas para a ocasião, sendo um hino de autoria do compositor Andrew Lloyd Webber.

A expectativa é de que a cerimónia seja mais curta e inclusiva do que em 1953, com cerca de 2000 convidados, em vez dos 8000 que compareceram à coroação da falecida rainha Isabel II.

ZAP // BBC

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