Koll, D., Lachner, J., Beutner, S. et al.
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Uma super-nova pode ter aumentado a intensidade dos seus raios cósmicos há 10 milhões de anos, criando uma anomalia que conseguimos ver ainda hoje.
Uma equipa de investigadores descobriu uma acumulação invulgar do isótopo radioativo berílio-10 (¹⁰Be) no fundo do Oceano Pacífico.
Este isótopo é gerado na atmosfera quando os raios cósmicos interagem com o oxigénio e o azoto e depois deposita-se na Terra através da precipitação, acumulando-se no fundo do oceano.
A concentração de ¹⁰Be é nesta região do Pacífico, quase duas vezes superior à esperada numa camada correspondente a 10 milhões de anos atrás, aponta a LBV.
Há duas explicações possíveis encontradas pelos autores do estudo, publicado na Nature esta semana: eventos astrofísicos que terão há cerca de 10 milhões de anos, ou mudanças de correntes que terão acontecido na mesma época.
De acordo com a primeira hipótese, uma super-nova próxima pode ter aumentado a intensidade dos raios cósmicos que atingem a Terra, levando a um aumento da produção de ¹⁰Be na atmosfera.
Seja como for, esta anomalia pode, agora que foi observada, revolucionar por completo a forma como os geólogos sincronizam os registos marinhos e terrestres ao longo do tempo — no fundo, alterar toda a datação geológica.
Atualmente, não existem marcadores temporais universais para períodos de milhões de anos, mas, se forem encontradas mais regiões oceânicas com estas características, essas podem servir de referência e permitir uma sincronização mais precisa de eventos passados.
Para além disso, a existência desta concentração anómala de ¹⁰Be noutras regiões sustentaria com mais convicção a teoria do evento astrofísico.
Os investigadores estão agora empenhados em expandir esta investigação para outras regiões, de forma a conseguirem atribuir significado às descobertas.