Cientistas estudam misteriosos sinais com quase duas décadas. Mas o segredo que se esconde por baixo da camada de gelo está bem guardado.
A Antenna Transiente Impulsiva Antártica (ANITA), em 2006, registou um breve impulso de ondas de rádio vindo de baixo do gelo antártico. O seu objetivo era captar emissões de rádio originadas por raios cósmicos vindos do espaço, mas a ANITA acabou por revelar algo mais misterioso.
“As ondas de rádio que detetámos vinham de ângulos muito acentuados, como 30 graus abaixo da superfície do gelo”, explica a astrofísica Stephanie Wissel, da Universidade Estatal da Pensilvânia, à Science Alert.
“É um problema interessante porque ainda não temos realmente uma explicação para estas anomalias, mas o que sabemos é que muito provavelmente não se trata de neutrinos”, avança ainda.
Contudo, ressaltam os autores do estudo publicado na Physical Review Letters em março, a exclusão da hipótese dos neutrinos não implica automaticamente que estejamos perante uma nova partícula.
Com a ANITA estagnada desde 2016, entra em ação uma nova experiência com balão na Antártida, a Payload for Ultrahigh Energy Observations (PUEO).
“O meu palpite é que ocorre algum efeito interessante de propagação de rádio perto do gelo e também perto do horizonte, que eu não compreendo totalmente, mas certamente explorámos várias dessas hipóteses — e ainda não conseguimos encontrar nenhuma que se confirme”, afirma Wissel.
“Neste momento, trata-se de um desses mistérios persistentes, e estou entusiasmada porque, quando lançarmos o PUEO, teremos melhor sensibilidade. Em princípio, deveremos detetar mais anomalias, e talvez venhamos finalmente a compreender o que são. Também poderemos detetar neutrinos — o que, de certa forma, seria ainda mais entusiasmante”, comenta.