Portugal já superou as metas europeias no que toca a postos de carregamento, mas o resto da Europa não pode dizer o mesmo.
A Comissão Europeia estipulou como meta atingir 3,5 milhões de pontos de carregamento até 2030. Mas há um pequeno problema: para atingir essa meta, era necessário que a Europa quadruplicasse o atual número nos próximos cinco anos.
Posto noutra perspetiva, a UE terá de instalar quase 10.200 pontos todas as semanas nos próximos cinco anos para atingir esse objetivo.
De acordo com o Jornal de Negócios, Portugal foi o país onde a venda de veículos elétricos mais cresceu — 13,3% nos primeiros três trimestres face ao período homólogo do ano passado e, ao mesmo tempo, houve uma queda na venda de novos carros a gasóleo — cerca de 8,8%.
Esses valores contrariam a tendência europeia de arrefecimento deste mercado — o número de novos elétricos na UE caiu 5,8%, nos primeiros nove meses de 2024.
Segundo o Público, Portugal foi ainda dos únicos países da Europa em que a meta europeia para instalação de pontos de carregamento foi cumprida, e até excedeu: a capacidade da rede portuguesa apresenta um excedente de 20% na sua rede de acesso pública.
Em Portugal, por cada três estações AC (mais lentas) há uma estação DC (mais rápida), valor muito positivo quando comparado com o resto da Europa (sete para uma), o que pode justificar a posição do nosso país na sétima maior quota de mercado de elétricos.
À frente de Portugal, no mercado dos elétricos, só estão mesmo países mais “ricos”, como a Dinamarca, Suécia, Países Baixos, Finlândia, Bélgica e Luxemburgo.
Mas, de acordo com José Manuel Fernandes, que fala destes números num espaço de comentário no Observador, diz que não é bem assim, e que Portugal tem, afinal, apenas um posto DC por cada seis AC.
Isto porque, explica o jornalista, “a maior parte dos carregadores rápidos tem duas tomadas, só que uma delas é para um modelo japonês de carregadores que, em Portugal, praticamente não existe“.
O ZAP fez uma pesquisa no mapa da app Miio em 12 postos de carregamento rápido (DC) na região do Porto — cada um dos quais com uma tomada CCS2 (a tomada de carregamento rápido mais comum em Portugal) e uma tomada CHAdeMO, que menos modelos de veículo elétrico em Portugal usam.
Na maior parte dos casos, o posto de carregamento com tomada CCS2 estava a ser usado ou tinha sido usado recentemente; apenas num caso o posto de carregamento CHAdeMO estava a ser usado. No entanto, nos restantes casos, apesar de estar disponível, o CHAdeMO tinha sido usado há menos de 1 hora.
Assim, na prática, e se os dados do Miio estiverem corretos, a proporção real de postos de carregamento DC não corresponde exatamente a 2/6.
No entanto, também não será tão próxima de 1/6 como diz José Manuel Fernandes. Ou seja, as contas não batem totalmente certo: um terço não é um sexto… mas é difícil determinar de qual valor se aproxima mais.
Além disso, apesar da boa classificação portuguesa no ranking, é de notar também que 100% dos países europeus atingiu as metas impostas pela UE para 2024, e 88% dos Estados-membros já atingiram este ano a meta para 2025, de acordo com dados europeus. Mas, no que toca a 2030, a situação complica-se.
Em 2023, a média semanal de novos pontos instalados ficou ligeiramente abaixo dos 3000. Como realça o Público, estes valores situam-se muito abaixo dos mais de 10 mil necessários, todas as semanas, ao longos dos próximos cinco anos.
De acordo com o Observatório Europeu para os Combustíveis Alternativos, existiam em outubro de 2024, 850.857 pontos de carregamento em toda a União Europeia. O problema? Mais de metade deles (55%) concentravam-se apenas na Alemanha, França e Países Baixos. A instalação destes pontos é, portanto, bastante desigual por toda a Europa.
“A rede europeia de carregamento é insignificante, quando se compara com a da China, onde a rede de acesso público equivale a cerca de dois terços da rede de carregamento mundial”, disse ao Público a ACEA (Associação Europeia de Construtores de Automóveis), pelo que ainda há “um longo caminho a percorrer”.
A gasolina e diesel tem tantos impostos em Portugal, que acelerou a mudança para eletricos. O que trava os eletricos é o preço, porque a tecnologia é muito superior.
“Felizmente” a energia para os elétricos não tem nenhum imposto em cima e se carregar fora de casa e souber calcular TCO, ficará a perceber o quão mais caro que um veículo elétrico pode custar, quando comprado com um simples carro a gasolina ou gasóleo (Diesel é o nome do Senhor que inventou o motor a gasóleo). Como somos um dos piores países a Matemática, é natural que muitos não saibam calcular o real custo de uma viatura (independentemente do motor ou combustível).
“O maior inimigo do conhecimento não é a ignorancia, é a ilusão do conhecimento”
Tem toda a razão Manel e a ilusão de que os carros eléctricos com a tecnologia actual, entenda-se, são mais inofensivos ambientalmente é uma boa ilustração da sua dissertação quanto ao inimigo do conhecimento.
… e lá vem o lobby dos combustíveis fosseis !!!