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Um Mundial a cada dois anos? Entre várias críticas, há quem o defenda com unhas e dentes

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FIFA

Um Mundial a cada dois anos e a concentração dos jogos internacionais em um ou dois períodos por ano? As opiniões dividem-se.

Ultimamente tem-se discutido a possibilidade de mudar a periodicidade da realização do Campeonato do Mundo. A ideia é que a competição se passe a realizar de dois em dois anos, em vez do espaçamento atual de quatro anos.

As opiniões dividem-se quanto aos benefícios desta mudança. A UEFA e Conmebol, por exemplo, já se manifestaram contra a iniciativa. Por outro lado, na última semana, Arsène Wenger e a FIFA reuniram com dezenas de ex-jogadores e treinadores em Doha, no Catar, onde todos concordaram com a alteração.

Ronaldo ‘Fenómeno’, Peter Schmeichel, Roberto Carlos, Sami Khedira, David Trezeguet, Marco Materazzi ou Tim Cahill foram algumas das figuras presentes na reunião. Os participantes também concordaram com uma reestruturação do calendário internacional.

O ex-internacional português Nuno Gomes diz que, como está hoje, “não agrada a ninguém”.

“Eu percebo que uma ideia destas possa gerar controvérsia, mas, para mim, o argumento do ‘sempre foi assim’ não chega. Por ter sido sempre assim, não quer dizer que tenha que ser sempre assim. O Mundial tem um ciclo de quatro anos há quase 100 anos. Hoje o mundo é completamente diferente”, disse o antigo avançado em declarações à Tribuna Expresso.

No mais recente congresso da FIFA, em maio, 166 membros da FIFA votaram a favor e 22 contra o estudo de uma proposta apresentada pela Federação de Futebol da Arábia Saudita, para que os Mundiais masculinos e femininos sejam realizados de dois em dois anos.

É na proposta da Arábia Saudita que Arsène Wenger, agora Chefe do Desenvolvido Global do Futebol na FIFA, se baseia.

“O princípio será de um reagrupamento das qualificações, todos os anos e, no fim da época, uma grande competição, Campeonato do Mundo ou competição continental. Entre as duas ‘janelas’ de qualificação, o jogador estaria sempre ao serviço do clube”, explicou o antigo treinador do Arsenal em entrevista ao L’Équipe.

“A intenção é verdadeiramente melhorar a qualidade do jogo e das competições, não há qualquer interesse financeiro”, acrescentou. “Para os jogadores não haverá mais jogos e existirá sempre um período de repouso de pelo menos 25 dias após as fases finais”.

Além da realização do Mundial de dois em dois anos, Wenger quer ainda que os cinco períodos de jogos internacionais de agora sejam reformulados para, ou concentrar tudo numa janela de mês e meio (entre outubro e novembro) ou dividir os jogos em dois momentos na temporada (outubro/novembro, e março).

Nuno Gomes defende que tal implicaria “uma redução muito grande no número de viagens e passa por haver menos jogos amigáveis e menos jogos de qualificação, que muitas vezes não são decisivos”.

No entanto, muitos daqueles que Wenger promete que sairão beneficiados com esta mudança não concordam com esta visão para o futuro do futebol. Para além da UEFA e da Conmebol, também a associação European Leagues, que reúne 13 dos principais campeonatos europeus, opõe-se à alteração.

Em comunicado, a associação opõe-se “firme e unanimemente a quaisquer propostas para organizar um Mundial da FIFA a cada dois anos”.

Como tal, diz que vai “trabalhar com outros agentes” para impedir “as entidades reguladoras” do futebol “tomem decisões unilaterais que prejudiquem o futebol doméstico”.

Daniel Costa, ZAP //

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