Um motor com 70 anos pode revolucionar a forma como vamos ao Espaço

Aerospike – o motor que consegue economizar até 30% de combustível em viagens espaciais já existe deste a década de 1950.

Uma start-up aeroespacial alemã, chamada Polaris, está a ressuscitar o desenho de um motor espacial que já existe há 70 anos.

O aerospike é um tipo de motor que se mantém eficiente ao longo de uma vasta faixa de altitudes, através de um bocal especial (já lá vamos).

Devido a essa funcionalidade, os veículos providos deste tipo de motor consomem menos combustível, quando comparados com os que têm motores com o bocal convencional.

Segundo o El Confidencial, esse mecanismo – que já existe desde a década de 1950 – pode ser o ideal para a próxima geração de naves espaciais e economiza até 30% de combustível.

O bocal é um dispositivo presente nos motores que converte a energia termodinâmica de um fluido (em forma térmica e de pressão) em energia cinética.

Nos foguetões comuns, geralmente, o bocal tem uma abertura em forma de sino – bell nozzle – que concentra a saída de gases por apenas um buraco.

Esse motor convencional funciona bem, quando o objetivo é neutralizar a força da gravidade e controlar a direção exata que a nave tem de levar ao sair do solo. No entanto, não está projetado para funcionar a qualquer altitude com eficácia.

Por esse motivo, as naves vêm-se obrigadas a carregar vários conjuntos de foguetões que as impedem de reduzir a sua massa e levantar cargas ainda maiores.

Um problema para o qual, afinal, parece haver solução…

O aerospike…

O motor aerospike usa a pressão do ar para controlar os gases que saem do foguetão.

Só que aqui o ar, em vez de fluir pelas paredes internas do bocal como acontece nos motores convencionais, flui por fora.

Esses motores reduzem o consumo de combustível até 30% e conseguem adaptar-se bem às pressões de ar das diferentes altitudes a que está sujeito.

Existem dois tipos de projetos de motores aerospike: o linear que tem a forma de uma cunha, com ponta pontiaguda, que permite o empilhamento de vários motores pequenos; e o toroidal, que funciona de maneira semelhante, com a diferença de apresentar uma ponta parabólica.

Pontos fortes: o aerospike permite maior massa de carga útil, reduz a massa de descolagem da nave e aumenta o desempenho, velocidade, altitude e alcance de voo.

Além disso, é um dispositivo que permite que as aeronaves consigam descolar e pousar como um avião quando estão na Terra, e mover-se como uma nave espacial quando estão fora dela.

Pontos fracos: ao contrário dos motores comuns, o aerospike não arrefece tão facilmente.

Os aerospikes podem, de facto, ser uma solução mais eficiente para veículos supersónicos e de lançamento espacial.

A nave espacial que a NASA tentou construir na década de 1950 com esta tecnologia tinha a forma de um avião, mas não era capaz de sair da órbita da Terra sem a ajuda de foguetes, que eram lançados apenas quando a nave atingia a altura necessária.

Desde então, apesar das potencialidades do aerospike serem conhecidas, nenhuma empresa conseguiu construir uma aeronave com esse tipo de motor, com garantias de eficiência.

O plano da Polaris passa agora por fazer um teste com um avião espacial em escala real: ou seja, maior e mais pesado do que os três que a empresa testou anteriormente.

Embora ainda não tenha confirmado quando estará pronto, este pode ser o desenvolvimento definitivo que nos aproxima de uma nova geração de aviões espaciais e pode revolucionar a forma como vamos ao Espaço.

Miguel Esteves, ZAP //

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