Num perfil, publicado pela agência noticiosa estatal Xinhua, o Partido Comunista retrata Xi Jinping como um homem “impecável” que nasceu para governar.
“Um homem de determinação e ação, um homem de pensamentos e sentimentos profundos, um homem que herdou um legado mas que ousa inovar, e um homem com visão de futuro e que está empenhado em trabalhar incansavelmente.” É assim que o aparelho de propaganda da China gostaria que Xi Jinping fosse visto pelos cidadãos.
A biografia, publicada pela agência noticiosa estatal Xinhua no passado sábado, evidencia os feitos, a personalidade e até a força física do Presidente da China.
Os autores retrataram Xi Jinping como um homem “impecável” que dedicou toda a sua vida a servir não só o povo chinês, como também a Humanidade.
À Vice, Dali Yang, cientista político da Universidade de Chicago, disse que o perfil do governante era uma peça-chave de uma campanha de propaganda orquestrada para abrir o caminho para Xi Jinping avançar para um potencial terceiro mandato histórico.
O perfil cita estudiosos e políticos estrangeiros, que elogiam a governação e a popularidade do Presidente chinês.
Neil Thomas, analista do Grupo Eurasia, é um deles. Segundo o artigo, terá dito que Xi estava a ter cada vez mais apoio dentro do partido, mas não foi bem isso que o especialista afirmou.
Thomas garante que a citação foi retirada do contexto, depois de uma análise que fez aos votos “sim” no Parlamento chinês – para o especialista, é impossível garantir se a expressão decrescente da dissidência reflete diretamente um apoio genuíno ao líder comunista.
Para Thomas, as citações de peritos estrangeiros foram incluídas no perfil para reforçar a legitimidade da propaganda dos media estatais chineses.
“A audiência pretendida para um perfil como este são os membros do partido e líderes, de forma a demonstrar que Xi Jinping permanece numa posição poderosa”, sustentou. “Porque neste sistema político fechado, é preciso continuar a demonstrar o seu poder e a sua posição na ausência de sondagens de opinião e de votação pública.”