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Um dos mapas mais antigos do mundo é português. Foi roubado por um espião e pendurado num talho

Uma mapa histórico que desenha pela primeira vez linhas como o Equador e os trópicos ou as viagens de Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral mudou para sempre a história da cartografia.

Linhas costeiras, portos, rios, recursos. O “Mapa Cantino” representa o mundo como era visto por um português em 1502 — sim, no período dos Descobrimentos.

É apenas o segundo mapa de que há registos a representar o Novo Mundo, e, de acordo com a National Geographic, incluía informações inéditas sobre as rotas comerciais portuguesas e a descoberta em curso da costa do Brasil.

Composto por seis pedaços de pergaminho presos a uma grande tela com cerca de um metro e oitenta, o “Planisfério de Cantino” foi criado em Lisboa, e não se sabe quem foi o autor. É hoje considerado uma peça histórica, e está “a salvo” na Galleria Estense de Modena. Mas já passou duras travessias, e viveu inúmeras aventuras.

Claro que, numa altura em que os portugueses eram pioneiros da descoberta além-mares, muitos eram os concorrentes internacionais que tentavam deitar a mão a tudo o que pudesse fornecer-lhe mais informações sobre os “mares nunca antes navegados”.

Foi por isso que o espião italiano Alberto Cantino, que trabalhava em Portugal como agente infiltrado, se infiltrou num repositório de cartas náuticas, onde roubou ou copiou um mapa existente(outras histórias dizem que o terá comprado).

Quase um século depois, em 1592, o planisfério foi levado de Ferrara, para Cantino o levara, para a cidade italiana de Modena.

Emmeados do século  XIX, acabou por ser — novamente — roubado, e só foi encontrado alguns anos mais tarde… pendurado na parede de um talho da cidade.

Biblioteca Estense Universitaria, Modena / Wkimedia Commons

O Mapa de Cantino completo

Mas porque é este mapa tão importante?

O Mapa de Cantino é o primeiro de que há registos a incluir o Equador, os trópicos e o Círculo Polar Ártico. Mostra ainda a “linha de Tordesilhas“, decorrente do tratado que dividia o mundo inteiro entre Portugal e Espanha.

Este mapa dita um momento crucial para a cartografia: a transição para a astronavegação, ou seja, uma navegação que tem em conta a orientação dos astros.

O mapa contém ainda ricas e diferenciadas ilustrações sobre os vários lugares do mundo que os portugueses começavam a explorar: a natureza representada é diferente na América ou em África.

As viagens dos exploradores europeus dos séculos XV e XVI também estão representadas no Mapa de Cantino, desde a a primeira viagem de Vasco da Gama em busca de um caminho marítimo para a Índia (1497-99) à descoberta do Brasil, em 1500, por Pedro Álvares Cabral, passando pelas viagens de Colombo.

ZAP //

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