O anel de Einstein foi descoberto em dezembro do ano passado, mas só agora uma equipa de cientistas analisou o objeto em detalhe.
Uma equipa de astrónomos utilizou um conjunto de dados para estudar um dos maiores e mais completos “anéis de Einstein” já observados. Localizado na constelação Fornalha, foi detetado em dezembro de 2020 pelo Telescópio Espacial Hubble e apelidado de “Anel Derretido”.
Segundo o Sci-News, GAL-CLUS-022058-38303 é o resultado de um fenómeno conhecido como lente gravitacional, que ocorre quando uma galáxia distorce a luz de outra mais distante através do seu campo gravitacional.
Neste caso, o efeito ocorreu com duas galáxias a cerca de 9,4 mil milhões de anos-luz de distância. A gravidade da galáxia mais próxima criou uma curvatura no espaço-tempo, que “obrigou” a luz da galáxia mais distante a acompanhar essa mesma curva, antes de chegar às lentes do Hubble.
Para que o efeito ocorra, é necessário que as galáxias estejam alinhadas com o nosso planeta. Desta forma, a luz mais distante é distorcida e também ampliada.
De acordo com os cientistas, que usaram dados de instrumentos como o Observatório Europeu do Sul e o Very Large Telescope (VLT), a imagem das duas galáxias foi ampliada 20 vezes. Com estes dados, a equipa determinou o valor do redshift – efeito que torna a luz de objetos mais distantes mais avermelhada – das galáxias ampliadas.
Como a lente gravitacional ampliou a imagem das galáxias em 20 vezes, a capacidade de observação do Hubble foi aumentada para equivaler à de um telescópio de 48 metros. Com esta enorme capacidade, os astrónomos conseguiram determinar que a galáxia ampliada é uma espiral relativamente comum.
Tendo em conta que a luz distorcida demorou 9,4 mil milhões de anos para chegar até nós, esta galáxia estava no auge da formação de estrelas no Universo.
“Podemos ver claramente os braços em espiral e a protuberância central da galáxia nas imagens do Hubble”, disse Susana Iglesias-Groth, do Instituto de Astrofísica das Ilhas Canárias. “Isto ajudar-nos-á a compreender melhor a formação estelar em galáxias distantes.”
O artigo científico com as descobertas foi publicado a 23 de setembro no Astrophysical Journal.