Impulsionados por um vídeo no WhatsApp, os agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) estão – desde segunda-feira e por tempo indeterminado – em protesto em várias cidades do país. Reivindicam melhores salários e condições de trabalho. Os profissionais também revelam descontentamento, devido ao suplemento de missão atribuído pelo Governo apenas à Polícia Judiciária (PJ) – num ato que consideram “discriminatório”.
Tudo começou no domingo à noite, com um vídeo difundido num grupo de WhatsApp.
Pedro Costa foi o protagonista. No vídeo, revelado pelo jornal Público, o agente da PSP lamenta os baixos salários e as más condições de trabalho a que a classe está sujeita.
“Perdi o medo há muito tempo, e a injustiça dos nossos vencimentos fez-me ganhar coragem. Se não fizermos nada irá tudo continuar na mesma ou pior. Ao longo de anos temos sido completamente negligenciados no que toca aos nossos vencimentos”, acusou.
De seguida, Pedro Costa, em vez de se apresentar ao seu serviço naquela noite, dirigiu-se à Assembleia da República e apelou aos colegas para que se juntassem, tendo-lhes endereçado uma carta aberta e várias propostas relacionadas com as reivindicações da classe.
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Centenas juntaram-se em todo o país
Depois deste episódio, centenas de polícias da PSP começaram a concentrar-se em várias cidades do país, num protesto que a aumentar em número e a chegar a mais zonas do país, e que não dá certezas sobre quando irá terminar.
Os sindicalistas sublinharam que, além de Lisboa e Porto, ocorreram, esta terça-feira, protestos em localidades como Castelo Branco, Viseu, Vila Real, Leiria, Santarém, Guarda, Horta ou Ponta Delgada.
O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) Paulo Santos demonstrou apoio, destacando que este é o momento certo para se “investir nesta luta”.
‘Tudo’ depende de António Costa
Também o presidente do Sindicato Nacional da Polícia, Armando Ferreira, realçou que não serão os sindicatos a indicarem um “ponto final” dos protestos: “Temos a certeza absoluta que começou no domingo, mão temos a certeza absoluta quando é que vai acabar”.
O líder Sindicato Nacional da Polícia salientou ainda que “só uma pessoa pode ter a certeza absoluta de quando acaba” o protesto, apontando que se o primeiro-ministro António Costa pretender, o movimento termina.
“É valorizar os profissionais da Polícia de Segurança Pública da mesma forma como valorizou os profissionais da Polícia Judiciária”, atirou.
“Tratamento desigual e discriminatório”
Desde o final da tarde de segunda-feira que mais de uma centena de carros de patrulha da PSP, nos comandos de Lisboa, Setúbal, Santarém, Porto e Açores, estão parados, alegando os polícias que estão inoperacionais, com várias avarias e “sem condições para circular”.
A contestação dos elementos da PSP, juntamente com os militares da GNR, teve início após o Governo ter aprovado em 29 de novembro o pagamento de um suplemento de missão para as carreiras da PJ, que, em alguns casos, pode representar um aumento de quase 700 euros por mês.
Os elementos da PSP e da GNR consideram tratar-se de um “tratamento desigual e discriminatório”.
Estes protestos surgiram de forma espontânea e não foram organizados por qualquer sindicato, apesar de existir uma plataforma, composta por sete sindicatos da Polícia de Segurança Pública e quatro associações da Guarda Nacional Republicana, criada para exigir a revisão dos suplementos remuneratórios nas forças de segurança.
Na sexta-feira, esta plataforma decidiu cortar totalmente as relações com o Ministério da Administração Interna pela falta de interesse, apatia e resistência à consagração de direitos dos profissionais da PSP e GNR.
19 agentes da PSP assistidos em Alvalade
De acordo com o Correio da Manhã, 19 agentes da PSP foram assistidos devido a cansaço extremo, na noite desta terça-feira, em Alvalade, durante o jogo entre Sporting e Tondela para a Taça de Portugal.
Fonte da PSP disse ao CM que o cansaço extremo se deve ao esforço acrescido dos agentes para exercerem o próprio serviço e conseguirem estar presentes na vigília que decorre desde domingo junto à Assembleia da República.
Os agentes ter-se-ão queixado de quebras de tensão e má disposição, reportando também sinais de esgotamento.
ZAP // Lusa