UE criticada por querer cortar o fundo para os mais carenciados

Álvaro Millán / Flickr

Quando o Reino Unido sair da União Europeia (UE), o que deve acontecer até ao fim de 2020, a contribuição britânica para os cofres de Bruxelas deixa de existir. Devido a isso, os fundos para os programas que ajudam os mais carenciadas poderão ser cortadas em 50%.

Ao Guardian, citado esta segunda-feira pelo Expresso, o presidente da Federação Europeia de Bancos Alimentares, Jacques Vandenschrik, afirmou que a proposta a ser discutida na Comissão Europeia representa um risco para a coesão social.

“As consequências serão um aumento na instabilidade e um decréscimo da civilidade. Se as pessoas e os seus filhos estiverem com fome, terão outros planos para encontrar forma de subsistência, o que não será agradável para a sociedade. Não podemos progredir deixando os pobres de lado. Este não é o caminho para melhorarmos as nossas sociedades” afirmou.

Segundo o responsável, uma das zonas que mais podem vir a sofrer com estes cortes é o leste da Europa, que é também a zona com a qual a UE mais se tem preocupado ao nível político. No total, 33,1 milhões de europeus (ou quase 7% da população) vivem em pobreza extrema.

Em 2018, a contribuição líquida do Reino Unido para o orçamento da UE foi de cinco mil milhões de libras (cerca de 5,9 mil milhões de euros) e os responsáveis europeus admitiram ao Guardian que as negociações para o orçamento plurianual serão as mais difíceis alguma vez encetadas em Bruxelas.

Como referiu o Expresso, o orçamento em vigor destina 3,8 mil milhões de euros ao fundo para as populações com mais carências (FEAD), que ajuda os Estados-membros a fornecerem aos seus cidadãos os primeiros níveis de ajuda à sobrevivência.

No plano que está a ser discutido para o período 2021-2027 não haveria qualquer alocação de fundos dedicados a esses níveis, mas a UE vai pedir a cada Estado que reserve um total de dois mil milhões de euros do orçamento no sentido de os manter como até aqui.

Uma porta-voz da Comissão disse esperar que os Estados-membros “invistam o dobro deste valor mínimo”. “Depois de um estudo de impacto social, a Comissão decidiu fundir os dois fundos de ajuda social para assegurar melhores sinergias entre eles”, disse, assegurando que “a Comissão está confiante de que essa quantia alvo de financiamento será respeitada pelos Estados-membros e estará vigilante para garantir isso”.

ZAP //

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