Rússia rejeita plano chinês. Ainda hoje, Ucrânia agradece à China (mas por outro motivo)

Xi Jinping, Vladimir Putin

Análise a um ponto fundamental no conflito que se prolongou muito mais do que o Kremlin previa. Rússia rejeitou plano de paz chinês.

A China apresentou na semana passada, um ano depois do início da guerra na Ucrânia, um plano de paz para para terminar com o conflito.

São 12 pontos que mostram uma China apoiante da soberania da Ucrânia, mas que ao mesmo tempo acha que as preocupações de segurança da Rússia são legítimos.

Nunca refere que há um agressor e um agredido neste conflito, mas apela ao fim das hostilidades e a que as duas partes voltem às conversações de paz imediatamente.

A proposta defende a manutenção da estabilidade das cadeias de abastecimento e acções para garantir a exportação de cereais; mais ajuda aos refugiados e assistência à Ucrânia na reconstrução pós-conflito também estão no documento.

A Ucrânia já tinha levantado dúvidas em relação a este plano e, nesta segunda-feira, a Rússia rejeitou mesmo o plano de paz.

“Nós considerámos o plano dos nossos amigos chineses com muita atenção (…). É um longo processo. No momento, não vemos as premissas para que esta questão possa tomar um caminho pacífico“, explicou Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin.

Assim, Peskov assegurou que a guerra não vai parar: “A operação militar especial (na Ucrânia) vai continuar”.

Ucrânia agradece à China

Ainda na análise ao que aconteceu ao longo deste ano, o major-general Arnault Moreira lembrou que Vladimir Putin pensou que as forças russas chegariam à Ucrânia e venciam o conflito em poucos dias.

Mas houve dois problema para o presidente da Rússia. O primeiro é a vontade do outro lado: “Há um ano estávamos distraídos na nossa avaliação. Comparámos – porque eram os elementos que tínhamos – potenciais: recursos humanos, força. Mas não analisámos as capacidades reais. Muitos dos números que tínhamos por adquiridos nunca foram transformados verdadeiramente em capacidades, do lado da Rússia”.

“Do lado da Ucrânia, víamos insuficiências nos números mas não analisámos a vontade. Se as capacidades não forem muito grandes, mas se a vontade for enorme, a questão do poder altera-se”, analisou, na rádio Observador.

O segundo problema foram os Jogos Olímpicos de Inverno 2022, que se realizaram entre os dias 4 e 20 de Fevereiro… em Pequim, capital da China.

“A ofensiva militar russa sobre a Ucrânia decorreu tarde demais, olhando para a meteorologia. E o culpado chama-se China e os Jogos Olímpicos de Inverno. Putin não atacou antes porque estavam a decorrer os Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim, e Putin não queria estragar o brilho desse acontecimento”, recordou o major-general.

Assim, Vladimir Putin atirou para muito tarde o início da invasão: “Em Fevereiro, a lama já começa a aparecer no campo de batalha. Começaram a aparecer rapidamente muitos carros de combate completamente enterrados na lama.
Tiveram de vir todos para as estradas”.

Consequência de ocupação das estradas: “A rede de estradas Bielorússia-Kiev é estreita, escassa. Houve aquele agrupamento imenso de quilómetros, a estrada tornou-se intransitável nessa progressão dos russos”.

“A China tem responsabilidades nisso. A Ucrânia pode agradecer à China a realização daqueles Jogos Olímpicos de Inverno”, completou.

ZAP //

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