O Ministro de Defesa russo, Sergei Shoigu, disse, esta terça-feira – um dia depois dos russos terem assumido o controlo de Marinka – que a contraofensiva ucraniana foi abortada naquela região. O exército ucraniano confirmou o recuo, explicando que a vida dos seus soldados “será sempre o mais importante”.
O comandante-chefe do Exército ucraniano, Valery Zaluzhny, reconheceu que as suas forças se retiraram para os arredores de Marinka, uma cidade do leste cuja captura Moscovo reivindicou na segunda-feira.
“O facto de nos termos transferido para os arredores de Marinka e de em alguns locais já termos ultrapassado os limites da localidade não deve provocar protestos públicos”, sugeriu Zaluzhny, numa conferência de imprensa.
Na segunda-feira, o Exército russo assumiu o controlo de Marinka, perto de Donetsk, no leste da Ucrânia, e que servia de reduto às forças ucranianas.
Esta terça-feira, Zaluzhni admitiu a retirada das suas tropas e comparou o ataque a Marinka à destruição completa de Bakhmut pelos soldados russos.
“Protegemos cada pedaço de nossa terra, cada pedaço, mas se os projéteis inimigos começarem a encher esse pedaço estreito com pedras, sujidade e com os nossos soldados, então a vida dos nossos efetivos será sempre o mais importante”, prometeu o comandante-chefe das Forças Armadas ucranianas.
Também esta terça-feira, o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, disse que a contraofensiva ucraniana iniciada no início de junho tinha sido “abortada” e garantiu que o Exército russo está a avançar em todas as frentes de batalha.
“Os principais esforços no ano passado concentraram-se na concretização dos objetivos da operação militar especial. O mais importante foi abortar a contraofensiva tão anunciada pela Ucrânia e pelos seus aliados da NATO. A missão foi cumprida com sucesso“, disse Shoigu, durante uma reunião com o Estado-Maior do Exército russo.
Russos congratulam-se
Segundo o ministro da Defesa russo, o fim da contraofensiva ucraniana deveu-se a vários fatores: “a criação de um sistema eficaz de fortificações, a elevada capacidade de combate de todas as unidades, a fiabilidade e eficácia do equipamento de guerra russo”.
Serguei Shoigu destacou que “os esforços conjuntos na retaguarda e na frente ajudaram as tropas russas a controlar a linha de confronto com o inimigo”.
“O Exército Russo ocupa constantemente posições cada vez mais vantajosas e expande o controlo de novos territórios em todos os setores da frente”, explicou Shoigu, defendendo que a Rússia “está a avançar consistentemente no sentido de alcançar os objetivos declarados para a operação militar especial” na Ucrânia.
Durante dois meses, as forças russas intensificaram consideravelmente as suas ações em vários setores da frente, especialmente na região de Donetsk, onde tentam cercar a cidade de Avdivka, e tomaram de assalto Marinka, ambos importantes redutos ucranianos.
As forças russas também fizeram avanços discretos na região de Kharkiv, numa tentativa de se aproximarem de Kupiansk, cidade da qual tinham sido forçadas a retirar-se em setembro de 2022.
A Guerra em Marinka
Marinka foi transformada pelo exército ucraniano num reduto desde 2014. O início de um conflito com os separatistas pró-Rússia liderados por Moscovo fez com que os russos passassem a controlar o território, nomeadamente a cidade de Donetsk.
De acordo com o ministro da Defesa da Rússia, Marinka é “uma poderosa área fortificada conectada por passagens subterrâneas” que a protegem de artilharia e ataques aéreos.
“Graças às ações decisivas dos nossos soldados, a fortaleza foi destruída”, disse Sergei Shoigu na segunda-feira.
“A cidade de Marinka, localizada a cinco quilómetros a sudoeste de Donetsk, foi completamente libertada hoje [terça-feira]”, adiantou Sergei Shoigu, numa entrevista televisiva com o Presidente da Rússia, Vladimir Putin.
“A libertação da cidade reduz naturalmente as capacidades de defesa das Forças Armadas da Ucrânia e dá-nos mais oportunidades para continuar a nossa ação neste sentido”, acrescentou.
Vladimir Putin congratulou-se com o facto de o controlo de Marinka manter as tropas ucranianas afastadas de Donetsk, a capital regional sob controlo russo, que tem sido regularmente alvo de bombardeamentos ucranianos desde 2014.
“Reduzimos significativamente o alcance da ação de artilharia perto de Donetsk (…) e isto permite agora que Donetsk seja defendida de forma mais eficaz contra os ataques”, sublinhou o Presidente da Rússia.
Como zona fortificada, Marinka dá às tropas russas “a possibilidade de ter um espaço operacional mais amplo”, reforçou Vladimir Putin.
As forças russas recuperaram a iniciativa na frente de combate desde o fracasso da contraofensiva ucraniana, ganhando terreno especialmente no leste da Ucrânia.
Em particular, há vários meses que o Exército russo tenta cercar outro reduto ucraniano, o de Avdiïvka, também no leste da Ucrânia.
ZAP // Lusa
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