A rede social Twitter vai proibir todo o tipo de publicidade política, anunciou o diretor executivo da empresa, Jack Dorsey, esta quarta-feira.
A decisão entrará em vigor no dia 22 de novembro e vai ser aplicada globalmente a todos os anúncios sobre questões políticas, incluindo eleições.
O anúncio foi feito na conta do Twitter de Dorsey. “Nós acreditamos que o alcance das mensagens políticas deve ser conquistado, não comprado”, pode ler-se.
https://twitter.com/jack/status/1189634360472829952
O Twitter já havia implementado regras e restrições para publicidade política, mas concluiu que não eram suficientes. “Precisamos de mais regulamentação de anúncios políticos voltada para o futuro. Os requisitos de transparência de anúncios são um progresso, mas não o suficiente”, escreveu o diretor executivo da empresa na publicação.
“A Internet oferece recursos totalmente novos, e os reguladores precisam de pensar para além dos dias atuais para garantir condições equitativas”, acrescentou.
Jack Dorsey explicou ainda as motivações que levaram a esta decisão, com comentários no seu próprio tweet, dizendo que, inicialmente, a empresa ponderou proibir apenas os anúncios de candidatos, mas considerou que não seria justo, optando por banir toda a publicidade referente a política.
“Não se trata de liberdade de expressão”, acrescentou. “Trata-se de pagar pelo alcance. E pagar para aumentar o alcance do discurso político tem ramificações significativas com as quais a infraestrutura democrática de hoje pode não estar preparada para lidar. Vale a pena dar um passo atrás”.
O diretor da campanha para a reeleição de Trump, Brad Parscale, classificou a medida do Twitter como “uma tentativa de silenciar conservadores” e “uma decisão muito idiota” para os acionistas da empresa. “O Twitter também vai impedir anúncios de meios de comunicação liberais tendenciosos, que agora não serão verificados ao comprarem conteúdo político óbvio, destinado a atacar republicanos?”, questionou-se, em comunicado. Reforçando a ideia de que a medida visa “silenciar conservadores”, Parscale lembra que “o Presidente Trump tem o programa online mais sofisticado alguma vez conhecido”.
Já o vice-diretor de comunicações da campanha de Biden, Bill Russo, saudou a medida. “Saudamos que o Twitter reconheça que não deve permitir que difamações refutadas, como as da campanha de Trump, apareçam em anúncios na sua plataforma”, disse, num comunicado citado pela Reuters.
A proibição agora anunciada será aplicada a tempo das eleições antecipadas no Reino Unido, recorda o jornal britânico The Guardian.
Facebook não segue os passos do Twitter
As empresas de redes sociais, incluindo o Facebook, enfrentam uma pressão crescente para deixarem de veicular anúncios que espalham informações falsas, capazes de influenciar o resultado de eleições.
O Facebook comprometeu-se a desenvolver esforços para lidar com a desinformação depois de se ter apurado que a propaganda russa na sua plataforma afetou o resultado das presidenciais norte-americanas de 2016, ganhas por Trump.
No entanto, o Facebook tomou a decisão de não verificar os anúncios de políticos. O CEO, Mark Zuckerberg, defendeu a política da empresa, dizendo que não pretendiam sufocar o discurso político.
De acordo com o semanário Expresso, estas declarações provocaram críticas de candidatos à nomeação democrata para as eleições do próximo ano, como o ex-vice-Presidente Joe Biden e a senadora Elizabeth Warren, os dois mais bem posicionados para conseguirem a nomeação.