O ex-chefe de segurança do Twitter, Pieter Zatko, acusou a empresa de, nos últimos anos, esconder falhas, mentir a reguladores, subestimar o número de utilizadores falsos (‘bots’) e permitir que governos usem a plataforma para encontrar dissidentes.
Na queixa que entregou à Securities and Exchange Commission (SEC), em julho, Zatko relatou os problemas que detetou na empresa durante os dois anos, revelou na segunda-feira o Washington Post. Este acredita que a sua demissão, que ocorreu em janeiro, se deve ao facto de tentar falar publicamente sobre essas questões.
Segundo o próprio, metade dos trabalhadores permanentes da empresa (cerca de 350 pessoas) podem aceder a dados privados – alguns têm acesso a informação que pode ajudar os Governos a encontrar dissidentes, acredita Zakto, também conhecido pelo pseudónimo Mudge.
“O Governo indiano obrigou o Twitter a contratar indivíduos específicos que eram agentes do Governo, que (devido às falhas de arquitetura do Twitter) teriam acesso a vastas quantidades de dados sensíveis [da plataforma]”, lê-se na queixa.
Former Twitter security chief Peiter “Mudge” Zatko, in a whistleblower complaint, claims security vulnerabilities at the company pose a serious threat to democracy.
Zatko provided documents detailing his accusations to Congress and several federal agencies. pic.twitter.com/iEuj4nYpI5
— The Recount (@therecount) August 23, 2022
Zakto referiu igualmente que a empresa tem mentido sobre o tratamento que dá aos ‘bots’, confirmando que as preocupações levantadas por Elon Musk. O empresário, que desistiu da compra do Twitter e acabou processado pela empresa, afirma que a plataforma ignora pedidos de informação sobre os números de ‘bots’.
Mudge foi contratado pela empresa em 2020, após um ciberataque que comprometeu contas de celebridades e marcas, devido à sua experiência como hacker ético. Ao Washington Post, explicou que aceitou trabalhar no Twitter porque a plataforma “não só pinta a opinião pública, como pode mudar os governos”.
“O senhor Zatko foi despedido do seu papel de executivo sénior no Twitter por mau desempenho e liderança ineficaz há mais de seis meses”, lê-se num comunicado assinado por um porta-voz da empresa.
E continuou: “o que vimos até agora é uma narrativa sobre as nossas práticas de privacidade e segurança de dados que está repleta de inconsistências e imprecisões, e carece de contexto importante. As alegações do senhor Zakto e o timming oportunista parecem concebidos para captar a atenção e infligir danos no Twitter”.