Depois da Finlândia, a Suécia também deu um passo histórico rumo à adesão à NATO, acabando com décadas de neutralidade militar. Decisões que vão redefinir a geografia da segurança atlântica, aumentando a fronteira – e a tensão – com a Rússia. A Turquia já anunciou o seu veto.
A discussão da adesão de Finlândia e Suécia à NATO chegou aos respectivos Parlamentos. A primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, defendeu a entrada do país nórdico na organização, na abertura da sessão em que o Parlamento decidirá se ratifica o pedido de adesão aprovado pelo Presidente, Sauli Niinistö, e pelo Governo.
Sanna Marin reforçou que a invasão da Ucrânia pela Rússia produziu mudanças fundamentais no ambiente de segurança finlandês, que forçaram o país a repensar as suas políticas de segurança e defesa.
Enquanto isso, a ministra dos Negócios Estrangeiros da Suécia, Ann Linde, assinou uma declaração com a intenção do país em aderir à NATO num passo formal decisivo e histórico, terminando décadas de neutralidade militar.
Uma posição “muito séria” e que “é a melhor para a Suécia”, segundo Linde que espera que o processo de adesão “demore cerca de um ano”.
O Conselho Europeu já anunciou que “apoia fortemente” as candidaturas de adesão da Suécia e da Finlândia.
“Vão receber um apoio forte, estou certo, de todos os Estados-membro porque aumenta a nossa união e torna-nos mais fortes“, revelou o presidente do Conselho Europeu, Josep Borrell, depois de uma reunião em torno de assuntos de defesa em Bruxelas.
Borrell referiu-se às “objecções” da Turquia, mas salientou que tem a esperança de que possam ser “ultrapassadas”.
“Suécia acolhe terroristas”, acusa Erdogan
A Turquia já anunciou que vetará a entrada da Finlândia e da Suécia na NATO se estes países mantiverem a sua política de “acolhimento de guerrilheiros curdos”, como referiu o Presidente Recep Tayyip Erdogan.
“A Suécia é um centro de incubação de organizações terroristas. Acolhe terroristas. No seu Parlamento, há deputados que defendem os terroristas. A quem acolhe terroristas não diremos ‘sim’ quando quiserem juntar-se à NATO”, declarou Erdogan.
Na sexta-feira passada, o chefe de Estado turco já tinha avisado que não via com bons olhos a intenção dos dois países nórdicos de ingressar na NATO devido à sua atitude de abertura em relação a organizações militantes curdas que Ancara considera ramificações do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), a guerrilha curda da Turquia.
“Nenhum destes dois países têm uma atitude clara e aberta em relação a organizações terroristas. Como é que podemos confiar neles?“, questionou Erdogan.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Suécia anunciou que ia enviar representantes para a Turquia, juntamente com uma delegação finlandesa, para abordar as “objecções” turcas. Mas Erdogan já disse que “não se devem cansar” em viajar.
Entre as “objecções” da Turquia estará, nomeadamente, o facto de a Suécia e a Finlândia não terem aprovado o repatriamento de 33 pessoas, conforme um pedido feito pelo país de Erdogan, como refere a Reuters.
Além disso, Erdogan já disse que a Turquia também está contra a adesão à NATO de países que lhe impõem sanções. A Suécia e a Finlândia embargaram a exportação de armas para a Turquia depois do envolvimento deste país na guerra na Síria, em 2019.
Em Moscovo, o Presidente russo, Vladimir Putin, assegurou que a adesão à NATO da Finlândia e da Suécia não é um problema para a Rússia, mas que passará a sê-lo se incluir a colocação de armas no território desses países.
Putin avisou que se o alargamento da NATO for acompanhado pela localização de “infraestruturas militares” naqueles países, Moscovo ficará obrigado a “reagir”.
“Vamos decidir com base nas ameaças que a NATO nos criar“, explicou Putin, referindo-se ao alargamento da Aliança como uma questão “artificial” criada “no interesse da política externa dos Estados Unidos”.
“Estamos a sair de uma era e a entrar numa nova”
No Parlamento da Finlândia, perante os deputados, a primeira-ministra Sanna Marin falou da “tarefa comum” de “salvaguardar a independência e integridade” do país “em todas as situações e garantir que os finlandeses possam viver as suas vidas de forma segura e pacífica”.
Assim, defendeu que a melhor opção para cumprir esta tarefa é aderir à NATO, onde a Finlândia estaria protegida pelas garantias colectivas de segurança previstas no artigo 5.º do Tratado da Aliança.
Quanto às ameaças russas no sentido de que a NATO limite a sua expansão para leste, Marin considerou que estas exigências violam o direito de cada país de decidir a sua própria política de segurança.
“A afirmação da Rússia de que é alvo de ameaças externas não tem fundamento. O único país que ameaça a segurança da Europa e está a travar abertamente uma agressão de guerra é a Rússia”, sublinhou.
Durante o debate parlamentar, as únicas vozes discordantes foram as de alguns deputados da Aliança de Esquerda, para quem a entrada na NATO aumentará as tensões com Moscovo e fará da Finlândia a linha da frente numa eventual guerra com a Rússia.
Na Suécia, a primeira-ministra Magdalena Andersson abriu o debate parlamentar a notar que este país “precisa de garantias formais de segurança que venham com a adesão à NATO”, também numa alusão ao princípio de defesa colectiva em caso de agressão contra um dos membros da Aliança.
“A Suécia pode ser mais bem defendida no seio da NATO”, justificou Andersson, reconhecendo que é uma “mudança histórica” na abordagem da política de segurança do país.
“Estamos a sair de uma era e a entrar numa nova”, referiu a primeira-ministra sueca numa referência à política de não-alinhamento mantida pela Suécia desde as Guerras Napoleónicas, do século XIX.
O embaixador sueco na NATO transmitirá a candidatura de Estocolmo “em breve”, em Bruxelas, ao mesmo tempo que a Finlândia, segundo Andersson.
ZAP // Lusa
Este rafeiro turco tem a mania que é um mini-Putin e continua a chantagear o Ocidente… começou com a UE e agora também já chantajeia a NATO… é bom para a Europa/Ocidente abrirem a pestana!…
Não se pode confiar na Suécia; já a Turquia é o país mais confiável do mundo – o país que é membro da NATO e que foi comprar armamento à Rússia, violando todas as regras da NATO!!