A recente descoberta de um túmulo com 1400 anos perto de Xianyang, na província de Shaanxi, China, fornece evidências tangíveis de uma luta política outrora travada entre irmãos reais e um senhor da guerra.
Uma equipa de arqueólogos chineses encontrou uma sepultura com cerca de 1400 anos, próximo de Xianyang, na província de Shaanxi.
Segundo a agência de notícias estatal chinesa Xinhua, os investigadores acreditam que o túmulo pertence ao fundador da dinastia Zhou do Norte, o Imperador Xiaomin, também conhecido pelo seu nome de nascimento, Yuwen Jue.
Os historiadores baseavam-se até agora apenas em relatos textuais para reconstruir os eventos em torno do curto reinado de Jue. Segundo registos antigos, Yuwen Jue foi deposto e executado após apenas alguns meses no poder, tendo sido postumamente declarado imperador décadas mais tarde.
O túmulo agora encontrado pela equipa de investigadores da Academia de Arqueologia de Shaanxi contém uma epígrafe escrita em tinta de cinábrio que descreve Jue como o “Duque de Lueyang”, o título que detinha na altura da sua morte, e não como imperador.
Jue, filho de Yuwen Tai, um poderoso general da Dinastia Wei que morreu em 556, foi originalmente instalado no trono pelo seu primo e guardião, o senhor da guerra Yuwen Hu. Mas, pouco tempo depois, uma disputa entre os primos levou à deposição e execução de Jue.
Yuwen Hu continuou a manipular a dinastia através de governantes fantoches até ao seu assassinato, em 572 — e só então, quase quatro décadas após a sua morte, Jue foi declarado postumamente primeiro imperador da dinastia Zhou do Norte.
O túmulo, com 56 metros de comprimento e 10 metros de profundidade, foi a certa altura saqueado, mas os arqueólogos descobriram ainda assim 146 artefactos, incluindo figuras de terracota e cerâmica.
“Esta descoberta corrobora efetivamente os relatos históricos da dinâmica das antigas dinastias da China e das complexas lutas pelo poder, que tinham, até agora, apenas sido descritas em documentos históricos”, explica ao Live Science o historiador Albert Dien, da Universidade de Stanford, que não esteve envolvido na pesquisa.