O tumor neuroendócrino é o inimigo silencioso que se pode esconder em qualquer parte do corpo. A sua grande variedade, os sintomas aleatórios e a existência de tumores assintomáticos são as principais razões pelas quais são diagnosticadas em fases avançadas.
Os tumores neuroendócrinos, de que provavelmente não ouviu falar muitas vezes, são cancros que têm início nas células neuroendócrinas, um tipo de célula com características semelhantes às células nervosas e às células produtoras de hormonas.
Segundo o El Confidencial, são caracteristicamente raros e podem ocorrer em qualquer parte do corpo, embora a maioria apareça nos pulmões, apêndice, intestino delgado, reto e pâncreas, de acordo com o site da Mayo Clinic.
Uma das dificuldades com estes tumores é o facto de existirem muitos tipos. Alguns crescem lentamente e outros muito rapidamente.
Alguns produzem hormonas em excesso, outros libertam hormonas ou não libertam hormonas suficientes para produzir sintomas.
O diagnóstico e o tratamento do doente dependerão de todos estes fatores possíveis. A razão pela qual os tumores neuroendócrinos são difíceis de detetar é o facto de, muitas vezes, quase não produzirem sintomas.
Há ainda outra razão, também relacionada com os sintomas produzidos por este tipo de tumor. Trata-se de sintomas aleatórios que podem levar a confundir este tipo de patologia com outras doenças mais comuns.
Os sintomas mais comuns são a dor abdominal, a perda de peso, a massa palpável, a broncoconstrição, a iterícia e/ou a hiperprodução hormonal que provoca diarreia, rubor facial, hipoglicémia, hiperglicémia ou outros, tal como destaca a Sociedade Espanhola de Endocrinologia e Nutrição.
Tudo isto significa que, como explica María Isabel del Olmo, membro da Área de Neuroendocrinologia da SEEN, “em alguns casos são assintomáticos até atingirem um tamanho considerável e a doença estar avançada, sendo diagnosticados em estados metastáticos“.
O problema é que nestas fases avançadas, o tratamento centra-se no controlo da doença, da sintomatologia e na melhoria da qualidade de vida do doente. Enquanto que nos estádios iniciais é possível combatê-los com cirurgia e um melhor prognóstico.
Os especialistas do SEEN salientam a importância da desnutrição relacionada com a doença como uma pista para a descoberta de tumores neuoendócrinos. A razão é que, no momento do diagnóstico, um em cada quatro doentes (25%) apresenta desnutrição. Por isso, afirmam que a sua deteção melhora o prognóstico da doença.
No entanto, há que ter em conta que, como afirma Francisco Botella, especialista da Área de Nutrição do SEEN, este tipo de tumor pode requerer tratamentos nutricionais complexos e diferentes ao longo da evolução da doença, que por vezes é prolongada.
E salienta que “as Unidades de Nutrição Clínica dos Serviços de Endocrinologia e Nutrição são os locais de referência para lidar com este tipo de situações invulgares e de grande complexidade”.
Todas estas complicações levam os especialistas em endocrinologia a sublinhar a importância de “dar mais visibilidade a esta doença, promover a investigação e informar a sociedade e os profissionais de saúde sobre os sintomas e a existência de tumores neuroendócrinos, pois isso pode levar a um diagnóstico mais precoce”.