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Um tumor e duas fraturas nas vértebras dificultaram a vida deste dinossauro (mas não o mataram)

Quando foi descoberto na década de 1980, na Argentina, este hadrossauro foi diagnosticado com uma fratura no pé. Porém, uma nova análise agora mostra que este tinha um tumor, bem como duas fraturas nas vértebras da sua cauda.

O dinossauro, denominado Bonapartesaurus rionegrensis, foi descoberto na Patagónia argentina na década de 1980, e as primeiras análises aos fósseis indicavam uma fratura no pé, como apontou na época o paleontólogo argentino Jaime Powell.

Contudo, o estudo do animal – também conhecido como dinossauro bico de pato – ficou paralisado até 2016, quando Powell convidou outra equipa de cientistas para retomar as pesquisas.

Ao retomar o trabalho, a equipa conseguiu desmitificar novos detalhes sobre a saúde do animal. “Além do problema no pé, havia outras possíveis fraturas em várias espinhas neurais das vértebras da cauda”, afirma Penélope Cruzado-Caballero, principal autora do estudo, agora publicado na revista Cretaceous Research.

Durante a pesquisa, os cientistas ficaram particularmente surpreendidos com a condição do pé. “Ficamos impressionados com o grande crescimento ósseo que lhe dava uma aparência de couve-flor e cobria quase todo o metatarso”, ressalta Powell.

Porém, ao estudar as tomografias computorizadas do fóssil, a equipa percebeu que os indicadores mostravam uma redução na densidade óssea e várias áreas onde o tecido cortical havia sido destruído.

“Provavelmente estávamos diante de um cancro ou uma neoplasia, como um osteossarcoma”, especifica Cruzado-Caballero.

“Apesar do grande desenvolvimento do cancro, o problema não afetou significativamente a zona de inserção muscular, por isso não podemos ter certeza de que a lesão afetou sua locomoção”, referiu a paleontologista.

O estudo permitiu constatar que o tumor não se espalhou para outros ossos – já que esse ornitópode preservou quase metade do seu esqueleto. “Embora tenha afetado gravemente o metatarso, não causou a sua morte”, acrescenta Powell.

No entanto, além do problema no pé, outras patologias foram identificadas na coluna neural de duas vértebras da cauda do Bonapartesaurus rionegrensis, escreve o Eurekalert.

De acordo com os cientistas, uma das vértebras apresentou uma fratura deslocada que quase cicatrizou. “Provavelmente tratou-se de uma lesão decorrente de uma pancada forte que fez com que o osso se deslocasse e se curasse dessa forma, dando à coluna vertebral um aspeto curvo”, frisa Cruzado-Caballero.

A outra vértebra teve uma fratura quase totalmente cicatrizada também produzida por um evento, que não levou ao deslocamento do osso. Embora a coluna vertebral mantenha a sua forma reta, os investigadores observaram um inchaço que formou um calo no osso durante a cicatrização.

“Essas fraturas, principalmente no caso da fratura deslocada, devem ter sido associadas a infeções após rutura dos músculos que circundam o osso”, afirma a cientista.

Embora as doenças fossem graves, a morte do Bonapartesaurus rionegrensis não ocorreu imediatamente após os ferimentos, apontam os autores.

Ainda assim, “não podemos quantificar quanto tempo viveu depois, o que significa que pode ter vivido meses ou anos”, comenta Powell.

Ana Isabel Moura, ZAP //

 

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