E Tudo o Vento Levou… há 80 anos

E Tudo o Vento Levou celebra este domingo 80 anos de vida, marcando a data da sua estreia nos Estados Unidos. Oito décadas depois, o filme mantém-se como uma das maiores obras primas do cinema norte-americano.

Adaptado do romance com o mesmo nome de Margaret Mitchell, vencedora do prémio Pulitzer, Gone with the Wind (o título original) tem cerca de quatro horas de duração, mas apesar de muitos o considerarem uma “seca”, a verdade é que as quatro horas de E Tudo o Vento Levou são uma autêntica odisseia que nos espera, cheia de reviravoltas e contratempos tão característicos de uma época que marcou a história norte-americana.

A conturbada vida de Scarlett O’Hara durante a longa Guerra Civil Americana, no cinema interpretada por Vivian Leigh, recebeu várias nomeações aos Óscares, conseguindo sair vitoriosa em dez categorias, incluindo o primeiro prémio de sempre para uma mulher afro-americana, a atriz Hattie McDaniel, que venceu na categoria de Melhor Atriz Secundária.

Aclamada e imortalizado não só pelas suas lendárias atuações, E Tudo o Vento Levou é também o retrato de uma sociedade e tempos de mudança. Uma sociedade que viu o amanhecer de um novo dia e que se apercebeu que a noite que viviam já não poderia regressar, entrando então em conflito consigo mesma, com os outros e com o próprio virar da página.

A mulher forte e independente

A personagem de Vivian Leigh, Scarlett O’Hara, é, até hoje, uma das personagens mais emblemáticas do cinema. A heroína problemática a quem o mundo parece virar costas, leva consigo vários ensinamentos e é tida como um dos símbolos do feminismo. Forte, independente, determinada e rebelde, Scarlett era tudo o que uma mulher na década de 30 não deveria ser.

No início da obra, Scarlett é frívola e totalmente consumida por questões triviais, afundada na sua própria ilusão do mundo que a rodeia e protegida pela família em que se insere. Porém, quando a guerra bate à porta e a mudança é lhe atirada como uma obrigação, Scarlett demonstra a capacidade adaptação e uma grande sede de sobrevivência, assumindo um papel de liderança e de forte caráter.

Até mesmo no amor, Scarlett parece negligenciar os seus parceiros e apesar de aparentemente nunca se apaixonar por quem lhe queria verdadeiro bem, a jovem vê em Rhett Butler (Clark Gable) a sua salvação. Apesar dos quinze anos que separam ambas as personagens, a relação desenvolve-se após dois casamentos falhados de Scarlett (mais uma prova da sua rutura com as tradições), em parte porque Rhett admirava a herança da jovem, tal como ela admirava o charme de Butler.

O filme com maior bilheteira de sempre

Quando ajustado à inflação, E Tudo o Vento Levou é o filme mais lucrativo da história do cinema. Tendo em conta que atualmente os preços dos bilhetes de cinema são mais altos do que alguma vez foram, em 1939 a história era outra e o filme de Victor Fleming levou milhões às salas de cinema.

Com mil e 800 milhões de dólares de bilheteira, segundo o Box Office Mojo, E Tudo o Vento Levou seria o filme mais rentável da história do cinema. Porém, sem ser feito o ajuste dos valores à inflação, o filme conquistou uma bilheteira de 200 milhões de dólares, bilheteira comparável à do primeiro filme de Toy Story, por exemplo.

“Frankly, my dear, I don’t give a damn” 

É a última frase do filme. Em português “Francamente, minha querida, eu não quero saber“, ficou marcada na história e é, até hoje, uma das frases mais memoráveis do cinema.

A polémica ter-se-á dado devido à palavra “damn” que apesar de hoje estar totalmente banalizada, era considerada vocabulário calão e não era bem visto quando representado no grande ecrã.

Em 2005, o American Film Institute elegeu a frase como a mais emblemática da história do cinema. Polémicas à parte, o final de E Tudo o Vento Levou é certamente memorável. Oitenta anos depois, a obra de Victor Fleming continua a ser um dos filmes mais lembrados e um dos mais premiados de sempre.

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