A chave para sentir que as férias duram mais está em colocar o foco na sua duração objectiva e não na sensação mental.
Entrar de férias e, no que parece ser um piscar de olhos, já estar de volta ao trabalho, é uma sensação familiar para muitos de nós. Um novo estudo, publicado em Abril no Journal of Consumer Psychology, veio agora confirmar esta realidade.
De acordo com o estudo, cerca de metade das pessoas que iam passar um fim-de-semana fora indicaram que sentiam que a sua viagem ia acabar mal começasse.
Esta sensação pode ter outros efeitos no planeamento de viagens e de actividades extra e também no dinheiro que se está disposto a gastar. Afinal de contas, não vale a pena esbanjar um pouco mais num jantar durante umas férias que lhe parecem tão curtas?
Mas de onde vem então esta sensação, e há alguma coisa que se possa fazer para mudar tal estado de espírito?
Já diz a sabedoria popular que o que é bom acaba depressa e quando ansiamos muito por alguma coisa, queremos que venha o mais rápido possível e que dure muito tempo.
O estudo avaliou o exemplo do Dia de Acção de Graças, celebrado nos Estados Unidos — um dia que para muitos é um reencontro com os parentes há muito aguardado, para outros é sinónimo de stress infindável, dramas familiares, horas na cozinha e viagens cansativas.
Os investigadores questionaram 510 pessoas online sobre se estavam ou não entusiasmadas para celebrar o feriado, se lhes parecia que a data estava perto ou longe e quando tempo achavam que ia demorar através de um botão deslizante de 0 a 100.
As conclusões não foram surpreendentes: quanto mais os inquiridos queriam celebrar a Ação de Graças, mais longe lhes parecia a data e mais curta seria a duração.
Estudos anteriores já tinham comprovado a tendência que temos de assumir que quando parece que o tempo passou rápido, a actividade foi mais agradável.
No entanto, os investigadores deste mais recente estudo argumentaram que as pessoas podem estar a exagerar na relação que criam entre o tempo e a diversão quando se trata de eventos que ainda não aconteceram.
Como consequência, temos tendência a assumir automaticamente que acontecimentos divertidos, como férias, vão passar muito rápido. Ao mesmo tempo, desejar alguma coisa pode dar a sensação que o tempo de espera se arrasta. A combinação destes dois factores resulta nas respostas dos participantes.
Outra das questões exigiu a avaliação de 0 a 100 da distância para o início e para o fim duma viagem que os inquiridos esperavam que fosse ou divertida ou aborrecida. 46% dos participantes avaliou que a viagem divertida duraria pouco, colocando o botão deslizante praticamente no mesmo lugar entre o início e o fim.
“O nosso objectivo era mostrar que estes dois juízos de um acontecimento – poder parecer simultaneamente longe e durar pouco tempo – pode quase eliminar a duração do evento na nossa cabeça”, explica Selin Malkoc, co-autora do estudo, no The Conversation.
E qual é o truque para fazer os momentos positivos durar mais tempo? De acordo com os autores, a chave está em focarmo-nos na verdadeira duração.
“Pode parecer trivial e óbvio, frequentemente dependemos nos nossos sentimentos subjectivos – não nas medidas de tempo objectivas – quando decidimos qual a sensação de um período de tempo e como melhor usá-lo”, diz a investigadora.
“Quando anteciparem coisas como férias, é importante lembrarem-se de quantos dias vão durar. Vão aproveitar mais a experiência”, aconselha Selin Malkoc.