Trump sobe tarifas sobre o aço para 50% e celebra acordo “blockbuster” com o Japão

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Daniel Torok / White House

O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou hoje que as tarifas sobre o aço importado, impostas em março, vão aumentar de 25% para 50%, para proteger a produção nacional.

“Vamos aumentar as tarifas sobre o aço nos Estados Unidos de 25% para 50%, o que dará ainda mais segurança à indústria no país”, anunciou o presidente num comício em Pittsburgh, na Pensilvânia, onde celebrou o acordo de investimento entre a siderurgia japonesa Nippon Steel e a empresa norte-americana U.S. Steel.

Uma nota oficial da Casa Branca na rede social X especificou que a medida entrará em vigor “na próxima semana“, noticiou a agência France-Presse (AFP).

O preço dos produtos siderúrgicos aumentou cerca de 16% desde que o republicano se tornou presidente, de acordo com o índice de preços no produtor do governo.

Ninguém conseguirá contornar” estas tarifas, garantiu Donald Trump no palanque, perante os trabalhadores que usavam capacetes e casacos de trabalho com faixas refletoras.

Após o anúncio das novas tarifas, os participantes gritaram “EUA, EUA” na sala.

O anúncio do líder republicano surge apenas um dia depois de um tribunal de recurso ter levantado o bloqueio do Tribunal de Comércio Internacional (TCE) a grande parte da política tarifária de Trump sobre as importações de vários países.

Este bloqueio não terá afetado as tarifas sobre o aço, mas sim as anunciadas a 2 de abril, que consistem numa tarifa global de 10% sobre praticamente todos os parceiros comerciais dos EUA.

Além disso, terá também bloqueado uma parcela — que estava congelada até julho para a assinatura de acordos — que varia de país para país com base nos défices e volumes comerciais e a que a Casa Branca chamou “tarifas recíprocas”.

Os EUA têm um défice comercial com o resto do mundo há 49 anos consecutivos.

Desde que regressou à Casa Branca (presidência), em janeiro, Trump anunciou medidas tarifárias contra a grande maioria dos parceiros comerciais dos Estados Unidos, algumas das quais foram suspensas temporariamente até 9 de julho, devido à reação negativa dos mercados.

As medidas em vigor incluem tarifas de 25% sobre o aço, o alumínio e os seus derivados, 25% sobre os automóveis importados e certas peças automóveis, juntamente com uma tarifa de base de 10% aplicável a todos os seus parceiros comerciais.

Para a União Europeia (UE), esta tarifa de 10% poderá aumentar para 20% após o termo da atual pausa dos Estados Unidos em julho.

Na sequência da imposição dos direitos aduaneiros, os Estados Unidos já celebraram acordos comerciais com o Reino Unido e a China para reduzir as taxas e aumentar o acesso a esses mercados.

EUA assinam acordo com o Japão

O presidente dos EUA elogiou ainda a fusão que o próprio aprovou na semana passada entre a US Steel e a sua concorrente japonesa Nippon Steel, sobre a qual foram divulgadas até ao momento poucas informações.

“O mais importante é que a US Steel continuará sob o controlo dos Estados Unidos, caso contrário, não teria fechado este acordo“, frisou Donald Trump, garantindo que a Nippon Steel irá injetar 14 mil milhões de dólares “no futuro” da US Steel e descrevendo o acordo como “blockbuster”.

O acordo, ao qual o próprio Donald Trump se opôs durante muito tempo, tornou-se central para a campanha presidencial americana de 2024, uma vez que diz sobretudo respeito à Pensilvânia, um Estado estratégico do ponto de vista eleitoral, que é também o berço da siderurgia nos Estados Unidos.

O Japão e os Estados Unidos acordaram também, na sexta-feira, organizar uma nova ronda de conversações comerciais antes da cimeira do G7, que se realiza entre 15 e 17 de junho no Canadá.

Ryosei Akazawa, negociador do Japão em matéria de direitos aduaneiros, declarou à imprensa japonesa, em Washington, durante a última ronda de negociações, que os dois países fizeram progressos no sentido de um potencial acordo em julho, mas sem entrar em detalhes.

Akazawa afirmou que Tóquio continua a exigir que Washington levante todos os direitos aduaneiros adicionais que aplicou às importações japonesas.

“Se isso for alcançado, talvez possamos chegar a um acordo, mas se não for, será difícil”, disse o negociador-chefe japonês.

Trump manteve também uma conversa telefónica com o primeiro-ministro japonês na quinta-feira, tendo ambos manifestado vontade de avançar nas negociações comerciais.

Os dois líderes deverão realizar uma reunião bilateral à margem da cimeira do G7, grupo das nações mais industrializadas do mundo, entre 15 e 17 de junho no Canadá.

Durante as negociações, o Japão propôs aos EUA aumentar as importações de soja e milho norte-americanos e cooperar na revitalização da indústria de construção naval dos EUA, em troca do levantamento de todas as tarifas adicionais impostas por Trump.

As tarifas de Trump para o Japão ascendem a 24% para todas as importações em geral. Além disso, está contemplado um aumento de 25% nas tarifas específicas sobre veículos e peças de automóveis, um setor-chave para o Japão, que representa cerca de 30% do comércio com os Estados Unidos.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Se a Europa lhe beijara peida, como ele gosta de se gabar, talvez sua magestade se digne reconsiderar as tarifas e voltar atrás.

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