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Pence não deverá recorrer à 25.ª emenda para afastar Trump. Impeachment em cima da mesa

Michael Reynolds / EPA

Fontes próximas de Mike Pence adiantaram ao The New York Times e ao Business Insider que o vice-presidente é contra o uso da 25.ª emenda.

Mike Pence não deverá recorrer à secção 4 da 25.ª emenda para afastar Donald Trump do cargo de Presidente dos Estados Unidos. A informação, que ainda não é oficial, foi avançada ao The New York Times e ao Business Insider por fontes próximas do vice-presidente.

Vários senadores pediram o recurso a esta emenda na sequência da invasão do Capitólio. Chuck Schumer, líder democrata no Senado, disse que o que aconteceu na quarta-feira à noite “foi uma insurreição contra os Estados Unidos incitada pelo Presidente”. “Este Presidente não deve continuar no cargo nem um dia mais.”

“A remoção deve ser feita da forma mais rápida e eficaz possível – e pode ser feita ainda hoje -, se o vice-presidente invocar de imediato a 25.ª emenda. Se o vice-presidente e o gabinete se recusarem a tomar uma posição, o Congresso deve unir-se para destituir o Presidente”, afirmou Schumer, tendo sido apoiado por vários democratas.

Nancy Pelosi, a presidente da Câmara dos Representantes, também pediu a invocação da 25.ª emenda frisando que, se isso não acontecer, o Congresso está pronto para avançar para um processo de destituição.

“O Presidente dos Estados Unidos incitou uma insurreição armada contra o país. Ainda lhe restam 13 dias, mas cada dia a mais pode-se tornar um filme de horror para os Estados Unidos”, disse Pelosi esta quinta-feira.

“Desonraram o lugar da democracia”

Esta quinta-feira, um polícia do Capitólio, que ficou ferido durante o ataque, morreu, segundo fontes oficiais citadas pela agência EFE, elevando para cinco o número de vítimas fatais.

A Polícia do Capitólio confirmou a morte do agente, identificado como Brian D. Sicknick, após várias horas de confusão e rumores sobre a possível morte de um agente. “O agente da Polícia do Capitólio Brian D. Sicknick morreu devido a ferimentos sofridos durante o serviço” no ataque ao Congresso, disse um porta-voz da força de segurança.

Sicknick foi ferido “enquanto enfrentava fisicamente os manifestantes” que invadiram o Congresso, e sofreu “um colapso” quando regressou ao gabinete, pelo que foi levado para o hospital, acrescentou. O agente trabalhava para a Polícia do Capitólio desde 2008, de acordo com a entidade, que disse ter aberto uma investigação.

Com a morte de Sicknick, cinco pessoas morreram no cerco e invasão do Capitólio, em Washington.

Esta quinta-feira à noite, o Presidente cessante reconheceu a derrota nas eleições de novembro e criticou os manifestantes que invadiram o Capitólio na quarta-feira. Num vídeo divulgado no Twitter, Trump afirmou que após a certificação dos resultados pelo Congresso, que confirmaram a vitória de Joe Biden, “a nova administração tomará posse em 20 de janeiro” e que o seu foco é agora “assegurar uma transição sem problemas”.

Sobre o violento protesto, disse que se tratou de um “ataque hediondo” que o deixou “enfurecido com a violência, a desordem e o caos”.

“A América foi e sempre será uma nação de lei e ordem. Os manifestantes que se infiltraram no Capitólio desonraram o lugar da democracia americana. Àqueles que participaram nos atos de violência e corrupção: vocês não representam o nosso país. E àqueles que quebraram a lei: vocês vão pagar”, disse.

Baixas após invasão do Capitólio

Elaine Chao, ministra dos Transportes, protagonizou a primeira demissão do gabinete de Donald Trump, esta quinta-feira, por razões diretamente ligadas aos protestos no Capitólio.

“Ontem, o nosso país viveu um evento traumático e totalmente evitável quando apoiantes do Presidente invadiram o edifício do Capitólio após um comício onde ele discursou”, escreveu num comunicado que partilhou no Twitter.

“Como de certo acontece com muitos de vocês, o que se passou perturbou-me bastante, de tal forma que não consigo simplesmente ultrapassar e continuar.”

A secretária da Educação norte-americana, Betsy DeVos, também apresentou esta quinta-feira a demissão, a segunda no executivo de Donald Trump depois dos incidentes no Capitólio.

“É inegável que a sua retórica teve impacto na situação, e isso é um ponto de viragem para mim”, escreveu DeVos numa carta enviada ao ainda Presidente norte-americano, citada por vários órgãos de comunicação norte-americanos, de acordo com a France-Presse (AFP).

A agência de notícias avança também que Steven Sund, chefe da Polícia do Capitólio, também apresentou a demissão esta quinta-feira e vai abandonar o cargo no próximo dia 16 de dezembro. A demissão aconteceu horas depois de Nancy Pelosi ter sugerido a sua demissão.

Liliana Malainho, ZAP // Lusa

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