O presidente francês, Emmanuel Macron, foi o anfitrião de conversações tripartidas com Zelensky e Trump no Palácio do Eliseu, no sábado, numa altura em que crescem os receios em Kiev sobre a posição da nova administração norte-americana.
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, apelou hoje, através da rede social Truth Social, a um “cessar-fogo imediato” e a negociações para pôr fim ao conflito na Ucrânia.
“Deveria haver um cessar-fogo imediato e as negociações deveriam começar. Demasiadas vidas foram perdidas em vão, demasiadas famílias foram destruídas e, se isto continuar, pode transformar-se em algo muito maior e pior. A Ucrânia perdeu ridiculamente 400 mil soldados e muitos mais civis”.
Na sua mensagem, Trump, que tomará posse a 20 de janeiro, garantiu que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, “gostaria de chegar a um acordo” para acabar com a guerra.
“Zelensky e a Ucrânia gostariam de chegar a um acordo e pôr fim a esta loucura”, escreveu Trump após o seu encontro com o homólogo ucraniano, em Paris, “Conheço bem Vladimir Putin. É altura de agir. A China pode ajudar. O mundo está à espera”, concluiu Trump.
Trump tem criticado abertamente os milhares de milhões de dólares de assistência militar que estão a ser enviados para a Ucrânia, e afirmou durante a campanha presidencial que poderia acabar com o conflito em 24 horas.
Horas após o encontro entre deste sábado Trump, Zelenskyy e Macron, durante cerimónia de reabertura da Catedral de Notre-Dame, em Paris, a administração cessante do Presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou um novo pacote de assistência militar à Ucrânia no valor de 988 milhões de dólares.
O pacote inclui drones, munições para lançadores de foguetes de precisão HIMARS e equipamento e peças sobressalentes para sistemas de artilharia, tanques e veículos blindados, informou o Pentágono.
Paz “justa”
Na Ucrânia, existe o receio de que Donald Trump possa exigir concessões impopulares a nível interno para conseguir a paz. Zelensky insistiu que qualquer acordo com a Rússia tem de ser equitativo.
“Todos nós queremos a paz. Mas é muito importante para nós… que a paz seja justa para todos nós e que a Rússia, o presidente Putin, ou qualquer outro agressor não tenha qualquer possibilidade de regressar“, disse Zelensky, numa nota publicada no site da presidência ucraniana.
“E isso é a coisa mais importante – uma paz justa e garantias de segurança, fortes garantias de segurança para a Ucrânia”, acrescentou.
Zelensky agradeceu a Trump pela sua “determinação inabalável”, descrevendo as conversações como “boas e produtivas”. A reunião de Zelensky com Trump foi o seu primeiro encontro cara a cara com o milionário que se tornou político, desde a recente vitória de Trump nas eleições americanas.
O encontro tripartido foi também uma oportunidade única para Macron ter uma ideia de como será uma segunda presidência de Trump quando este assumir funções em janeiro. A viagem a Paris é a primeira visita internacional de Trump desde as eleições de 5 de novembro.
“Mundo um pouco louco”
No seu reencontro, Trump e Macron abraçaram-se e apertaram as mãos várias vezes nos degraus do palácio presidencial francês. Trump recebeu uma guarda de honra completa, apesar de ainda não estar em funções.
“Parece que o mundo está a ficar um pouco louco neste momento e vamos falar sobre isso”, disse Trump aos jornalistas enquanto se preparava para se sentar para as conversações com Macron.
Apesar das tensões entre os dois presidentes durante o seu primeiro mandato, Trump saudou os seus laços com o líder centrista francês, dizendo: “Tivemos uma excelente relação, como toda a gente sabe. Conseguimos muito”.
Macron disse a Trump que era “uma grande honra para o povo francês recebê-lo” para a cerimónia de reabertura da Notre Dame, que foi devastada por um incêndio em 2019 durante o primeiro mandato de Trump. “Você era presidente naquela época e eu lembro-me da solidariedade e da reação imediata”, acrescentou Macron, em inglês.
Os aliados europeus têm desfrutado de uma estreita relação de trabalho com Biden sobre a crise no Médio Oriente, mas é provável que Trump se distancie e alie os Estados Unidos ainda mais estreitamente a Israel.
Numa entrevista ao programa Meet the Press, da cadeia televisiva NBC News, gravada na sexta-feira e que será difundida este domingo, Trump assegurou que os EUA deixarão a NATO a menos que os países aliados contribuam mais financeiramente.
“Se pagarem as suas contas e nos tratarem de forma justa, a resposta é ‘absolutamente, ficarei na NATO’”, esclareceu o Presidente eleito, antes de dizer que, de outra forma, retirará os Estados Unidos da Aliança Atlântica.
ZAP // Lusa