Trudeau declara estado de emergência nacional e o exército pode ser chamado. Protestos em Bruxelas controlados

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Olivier Hoslet / EPA

A província de Ontário também já anunciou o fim a 1 de Março da apresentação obrigatória do certificado de vacinação para a entrada nos espaços comerciais, mas garante que a decisão não foi motivada pela pressão dos protestos.

Perante os protestos dos camionistas que têm bloqueado a capital canadiana e impedido o comércio transfronteiriço, Justin Trudeau avançou ontem com a declaração do estado de emergência em todo o país.

O primeiro-ministro canadiano reuniu-se virtualmente ontem com os responsáveis de todas as províncias canadianas para debater a decisão, que foi anunciada numa declaração pública pelas 16h30 locais (21h30 em Lisboa).

Em causa estão as restrições impostas devido à vaga de novos casos da variante Ómicron e a vacinação obrigatória, que os manifestantes consideram como violações da liberdade individual.

O movimento já ficou conhecido como “Comboio da Liberdade” e paralisou a cidade de Otava — incluindo a ponte Ambassador, que liga Windsor, Ontário, a Detroit, no estado norte-americano do Michigan e por onde passa cerca de 30% de todo o comércio entre o Canadá e os EUA.

Este bloqueio estava já a afectar bastante a produção industrial no Michigan, principalmente no sector automóvel, estado que é casa de fábricas da Ford, da Toyota e da General Motors, tendo as empresas sido obrigadas a cancelar turnos. Joe Biden apelou a Trudeau que usasse os poderes federais para desbloquear a ponte.

Os tribunais ordenaram a desobstrução da ponte na sexta-feira, mas os protestantes não obedeceram, pelo que a polícia teve de intervir. A operação começou no sábado e ontem já se começou a circular na ponte.

A polícia canadiana apreendeu ontem 13 armas de fogo, munições e coletes à prova de bala e deteve 11 pessoas no bloqueio fronteiriço de Coutts, em Alberta, um outro ponto de passagem para os Estados Unidos que estava bloqueado há uma semana.

Mesmo com o desbloqueio da ponte, a crise continua e Trudeau já tinha avançado na sexta-feira que a possibilidade de acionar o estado de emergência não está descartada para pôr fim a estas “ocupações ilegais”, dando ao Governo poderes extraordinários temporariamente e a possibilidade de convocar o exército para dispersar os manifestantes.

Esta medida foi apenas usada uma vez em tempo de paz, pelo próprio pai do primeiro-ministro, durante a crise de Outubro de 1970. Na altura, Pierre Eliott Trudeau chamou o exército ao Quebec depois do sequestro do diplomata britânico James Richard Cross e do ministro regional Pierre Laporte por parte da Frente de Libertação do Quebec.

Ontário acaba com a exigência do certificado de vacinação

O Governo da província canadiana de Ontário anunciou ainda ontem o levantamento a 1 de Março da obrigação de prova de vacinação contra a covid-19, justificando que tal já “é seguro” e rejeitando estar a ceder aos protestos em curso.

O primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, disse que no dia 1 de Março a província vai deixar cair a exigência de que as pessoas mostrem prova de vacinação para entrar em restaurantes, ginásios e eventos desportivos.

“Deixem-me ser muito claro: estamos a avançar nesta direção porque é seguro fazê-lo. O anúncio de hoje não é por causa do que está a acontecer em Otava ou Windsor”, disse Ford.

A província, a mais populosa do Canadá, também vai levantar o seu limite de 50% de capacidade em restaurantes a partir desta quinta-feira, quatro dias antes do previsto. Ford não indicou uma data para deixar cair a exigência de que as pessoas usem máscaras em locais públicos.

O protesto em Otava que paralisou o centro da cidade permanece e enfureceu os moradores que se queixam de falta de ação da polícia.

Numa carta aos manifestantes, o presidente da Câmara de Otava, Jim Watson, disse que os moradores estão “exaustos” e “no limite” devido às manifestações, e alertou que algumas empresas estão à beira de um encerramento permanente.

A cidade parecia ter chegado a um acordo em que os manifestantes iriam sair de áreas residenciais e limitar as suas manifestações à zona circundante do parlamento, mas essa perspetiva rapidamente desapareceu.

Protesto controlado em Bruxelas

Entretanto, o movimento começou a inspirar réplicas por todo o mundo, como na Nova Zelândia e também em países europeus como a França e os Países Baixos. A tentativa de bloqueio em Bruxelas acabou por não ser bem sucedida perante a preparação atempada da polícia.

As autoridades belgas já tinham emitido uma proibição a um protesto semelhante ao canadiano. Mais de 1300 veículos aglomeraram-se em Lille, na França, no domingo, com a intenção de cruzarem a fronteira rumo à capital da Bélgica.

No entanto, a polícia verificou a entrada dos veículos nas zonas da fronteira para impedir a entrada de protestantes no centro da cidade. Aqueles que se queriam manifestar for enviados para um local no norte da cidade, onde um protesto foi autorizado.

Um grupo de manifestantes concentrou-se ainda nas imediações das sedes das instituições europeias, levando consigo bandeiras nacionais e buzinas. Entre 100 e 200 pessoas participaram no protesto, que foi sempre vigiado pela polícia.

Adriana Peixoto, ZAP // Lusa

2 Comments

  1. A “democracia” dos democratas de esquerda à vista.

    Silenciar os trabalhadores sem qualquer compaixão ou dialogo
    A ainda falávamos de HongKong

    A China está orgulhosa , educou bem as elites do ocidente.

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