Tribunal absolve ultranacionalista sérvio Vojislav Seselj. Croácia e Bósnia revoltadas

Micki / Wikimedia

Cartazes de apoio a Vojislav Seselj

Cartazes de apoio a Vojislav Seselj

O Tribunal Penal Internacional para a Ex-Jugoslávia (TPIJ) absolveu esta quinta-feira o presidente do Partido Radical Sérvio, Vojislav Seselj.

Šešelj enfrentava nove acusações: três por crimes contra a humanidade, perseguição, deportação e ato desumano de transferência forçada e seis por crimes de guerra, entre eles assassinato e tortura.

O político foi acusado de ter diretamente cometido, incitado e ajudado estes crimes cometidos por forças sérvias entre agosto de 1991 e setembro de 1993.

A maioria dos membros do júri concluiu que não houve provas suficientes. Cabe recurso à sentença.

Desde a sua criação, o TPIJ, instância judicial ad hoc da ONU anunciada em 1993, indiciou 161 pessoas por graves violações do direito humanitário cometidas no território da ex-Jugoslávia entre 1991 e 2001.

Os processos contra 149 pessoas foram concluídos e 11 ainda estão em curso.

A absolvição esta quinta-feira de Vojislav Seselj, que acolheu a deliberação de forma triunfal, reanimou as divisões entre as ex-repúblicas jugoslavas, mais de 20 anos após os sangrentos conflitos que assinalaram o desmembramento da antiga Jugoslávia federal e que provocaram 20 mil mortos na Croácia e 100 mil mortos na Bósnia-Herzegovina.

As ex-repúblicas jugoslavas emitiram uma leitura totalmente oposta dos acontecimentos que conduziram ao fim da Jugoslávia socialista, e numa primeira reação as autoridades da Croácia referiram-se a um “veredito vergonhoso”, enquanto em Sarajevo o primeiro-ministro muçulmano bósnio, Denis Zvizdic, manifestava a sua incredulidade pela decisão.

Pelo contrário, na Republika Srpska (RS, a entidade sérvia da Bósnia) a deliberação do TPIJ foi acolhida com regozijo e desdém pela instituição, uma semana após a condenação a 40 anos de prisão de Radovan Karadzic, o primeiro presidente da RS declarado culpado de genocídio pela instância judicial, por crimes contra a humanidade cometidos durante o conflito na Bósnia e Herzegovina entre 1992 e 1995.

“O veredito confirma a absurdidade da justiça internacional. Como explicar de outra forma que um processo maratona (…) como este termine assim?”, assinalou Milorad Dodik, o presidente da RS.

Rádio ONU

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