Novas descobertas de uma análise de ADN provam que a tribo Muwekma Ohlone, da Califórnia, foi erroneamente declarada extinta há 100 anos.
Antes de os conquistadores espanhóis chegarem, a Califórnia estava repleta com mais de um milhão de nativos americanos. A população indígena entrou em decadência e, na década de 1920, havia menos de 20 mil. Muitas tribos, como a tribo Muwekma Ohlone, foram oficialmente declaradas “extintas”.
O antropólogo Alfred Kroeber declarou o povo Ohlone “extinto no que diz respeito a todos os propósitos práticos”, observando que apenas “alguns indivíduos dispersos sobrevivem”.
No entanto, uma nova análise de ADN mostra que as raízes dos Muwekma Ohlone são muito mais antigas do que se pensava. Especialistas escavaram os restos mortais de 12 pessoas enterradas na região há 2.000 anos e encontraram ligações genéticas com membros modernos da tribo.
Embora apenas 500 Muwekma Ohlone permaneçam vivos hoje em dia, esta descoberta pode finalmente garantir-lhes o reconhecimento federal pelo qual lutam, desta o All That’s Interesting.
Durante décadas, os Muwekma tentaram recuperar o estatuto reconhecido pelo Governo federal, que perderam após terem sido declarados “extintos”.
Especialistas sugeriam que o povo Ohlone migrou para lá de 1.500 a 1.000 anos atrás. Mas, segundo o The New York Times, a tribo há muito alega que a sua presença na região é mais antiga.
O novo estudo, publicado recentemente na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, revela que a ligação dos Muwekma à área da baía da Califórnia remonta a pelo menos 2.000 anos.
“Validação, finalmente”, disse Monica Arellano, vice-presidente da tribo e coautora do estudo. “A isto ajuda todas as informações que divulgamos, anos a compilar e a fazer pesquisas para provar quem somos”.
Já depois de ficarem sem as suas terras, os membros da tribo começaram a solicitar novamente o reconhecimento federal do governo dos Estados Unidos — sem sucesso. Mas este novo estudo pode finalmente inverter a maré das coisas.
Em 2014, com obras iminentes a ameaçar destruir antigas terras tribais, os membros da tribo moderna solicitaram a ajuda da empresa de consultoria Far Western Anthropological Research Group.
“Quando você é um estudante a fazer o seu trabalho, não é comum ter este tipo de ligação direta com as pessoas que são ‘os dados’ com os quais você está a trabalhar”, disse a autora principal do estudo, Alissa Severson. “Temos que ter esse diálogo, onde poderíamos discutir o que estamos a fazer e o que encontramos, e como isso faz sentido com a história deles. Eu senti-me muito sortuda por estar a trabalhar neste projeto”.