“A dona Maria da Graça deve estar feliz”. Suspensa a trasladação de Eça de Queiroz para o Panteão

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O Supremo Tribunal Administrativo suspendeu a trasladação dos restos mortais de Eça de Queiroz para o Panteão Nacional, no âmbito de uma providência cautelar interposta por familiares do escritor.

Estão, assim, suspensos “todos os actos relacionadas com a transladação e o assunto tem de voltar para a Assembleia da República”, refere à Lusa o ex-presidente da Junta de Freguesia de Santa Cruz do Douro, no concelho de Baião (distrito do Porto), onde está sepultado o escritor.

A decisão do Supremo Tribunal Administrativo (STA) surge depois de uma providência cautelar interposta por alguns descendentes do escritor. Agora, após a aceitação dessa providência, o STA ainda se vai pronunciar sobre a trasladação em si.

Para o antigo autarca de Santa Cruz do Douro, António Fonseca, é “um primeiro passo” e “uma grande vitória para Baião, porque o lugar de Eça só pode ser mesmo à sombra de Tormes”. Tormes é onde se localiza a antiga casa familiar do escritor.

A resolução que concede honras de Panteão Nacional a Eça de Queiroz foi impulsionada pelo grupo parlamentar do PS depois de uma iniciativa da Fundação que evoca o autor. Foi aprovada por unanimidade, em plenário, a 15 de Janeiro de 2021.

A cerimónia de trasladação estava marcada para quarta-feira da próxima semana.

Bisneta de Eça “deve estar muito feliz”

Além de ter sido presidente da Junta no anterior mandato, António Fonseca integra, actualmente, o movimento de cidadãos que se constituiu para se opor à trasladação.

“Nós sempre estivemos na mesma linha, aliados com a família”, reforça, reafirmando tratar-se de “um momento fantástico”.

“Eu sempre acreditei na justiça, acima de tudo, acredito na verdade”, anota ainda, criticando os proponentes da resolução que foi aprovada na Assembleia da República, por terem seguido “um caminho estranho, enviesado, sem consultarem alguém, à revelia da família“.

António Fonseca recorda Maria da Graça, bisneta de Eça de Queiroz que foi presidente da Fundação com o nome do escritor, por se ter batido, em 1989, para que os seus restos mortais fossem transferidos de Lisboa para Baião, onde ainda se encontram.

A dona Maria da Graça deve estar muito feliz, porque ela trabalhou muito juntamente com o ex-presidente da Câmara, Artur Carvalho Borges, que, com ela, tudo fizeram para conseguir trazer Eça para Santa Cruz”, salienta.

O autarca reafirma, por outro lado, que se mantém a convocação de uma manifestação para domingo, junto ao acesso à sede da Fundação.

“Mantém-se a manifestação de gratidão com o Eça e a contestação às pessoas que levaram a proposta de resolução à Assembleia da República”, aponta António Fonseca.

Contestação é de “uma minoria familiar”

O actual presidente da Fundação Eça de Queiroz, o escritor Afonso Reis Cabral, assegura que tem actuado com “transparência e legitimidade” no processo de trasladação.

Em declarações à Rádio Renascença, Afonso Reis Cabral nota que a contestação vem “de uma minoria familiar” e sublinha que a Fundação aguarda “uma decisão efectiva” do Tribunal.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Uma boa notícia e uma grande vitória do Município de Baião e dos Baionenses, que tiveram coragem e determinação para enfrentar os liberais/maçonaria.

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