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Transição verde: o mundo tem muito a aprender com uma pequena cidade na Islândia

gogeid / Flickr

Akureyri, na Islândia

Uma pequena cidade no norte da Islândia tornou-se quase neutra em dióxido de carbono (CO2). Uma equipa de cientistas viajou até ao país insular nórdico para descobrir como podemos aprender com esta cidade.

Atualmente, as cidades são lugares muito insustentáveis, uma vez que consomem demasiados recursos e são as responsáveis por mais de metade das emissões mundiais de gases com efeito de estufa. Mas as cidades são também o lugar onde muitos dos problemas de sustentabilidade podem ser revertidos: e uma pequena cidade no norte da Islândia é o exemplo disso.

A Islândia é conhecida pela sua natureza impactante, mas é também muito interessante para os cientistas em matéria de energia, devido às excelentes condições para energia hidroelétrica e geotérmica. A abundância de energia ajudou a melhorar a condição de vida das pessoas, mas nos últimos anos também levou a grandes problemas.

Além disso, apesar de as emissões de aquecimento e eletricidade serem bastante baixas para as famílias islandesas, as emissões per capita de transporte e outros tipos de consumo ainda são muito altas.

Há cerca de uma década, Guðmundur Sigurðarson e Sigurður Friðleifsson, dois habitantes da pequena cidade de Akureyri, decidiram não se conformar com esta situação e iniciaram uma ambiciosa transição de baixo carbono que agora afeta todos os cidadãos locais e transformaram Akureyri num pioneira das políticas climáticas em todo o país.

O fator chave para a transição foi o facto de Guðmundur e Sigurður levarem em consideração todos os fluxos de carbono da cidade. Isto significa que analisaram todos os materiais que fluem pela cidade, como óleos de cozinha, gasolina, resíduos verdes de parques públicos e avaliaram de que forma esses fluxos poderiam ser integrados no sistema de energia local.

Depois, desenvolveram uma estratégia que visava transformar os fluxos lineares de carbono da comunidade em loops. Assim, em vez de ter algo a fluir para a cidade, usando-o e transportando-o como lixo, tentaram usar todos os materiais para novos propósitos, explica o Science Nordic.

(dr) Rakel Kristjansdottir & Henner Busch

Ciclo de energia, desperdício e transporte

Em relação ao transporte local, o novo sistema transforma antigos óleos e gás de cozinha do antigo aterro em combustível para carros e autocarros. Ao mesmo tempo, um projeto local de florestação ajuda a construir stocks locais de carbono.

Além dos fluxos de carbono, a nova abordagem em Akureyri garante que os nutrientes não são perdidos, mas que permanecem no sistema local de produção de alimentos. Agora, o lixo orgânico é compostado e os nutrientes são usados para a produção agrícola local. Esta prática ajuda a economizar emissões uma vez que, assim, os agricultores locais precisam de menos fertilizantes artificiais.

A investigação, publicada na Sustentability, revela várias medidas que foram vantajosas para a transição verde. A primeira importante característica para o sucesso desta transição foi o tamanho da cidade: Akureyri tem 18.000 habitantes e é o maior centro urbano do norte do país. Com esta dimensão, a cidade possui todas as instituições e empresas necessárias e, ao mesmo tempo, é tão pequena que os principais atores se conhecem pessoalmente e os procedimentos administrativos mais complicados não impedem novos projetos.

Além disso, a cidade abriga uma universidade na qual é possível encontrar uma atmosfera aberta a novas ideias e conceitos inovadores. Os atores locais também foram fundamentais, na medida em que criaram o quadro institucional certo para a transição – um fator chave foi o estabelecimento de uma empresa local chamada Vistorka, administrada por Guðmundur.

A transição local de baixo carbono em Akureyri trouxe vários benefícios, desde melhorias ambientais a um projeto de florestação que criou uma agradável área verde na cidade. Além disso, o projeto criou novas empresas e empregos locais no setor ambiental que ajudaram a aumentar a atividade económica, criando receita tributária adicional para o município.

Por último, mas não menos importante, Akureyri criou uma imagem forte como líder ambiental na Islândia e um exemplo para todo o mundo.

ZAP //

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