A confusão instalou-se após a derrota da equipa local, com uma invasão de campo dos seus adeptos. Muitas das vítimas morreram esmagadas num incidente que é uma das piores tragédias ocorridas num estádio de futebol.
Uma autêntica batalha campal no fim de um jogo de futebol na Indonésia fez este sábado 174 mortos e centenas de feridos, segundo afirmaram autoridades locais.
O incidente, que ocorreu na cidade de Malang, na ilha de Java, é uma das piores tragédias ocorridas num estádio de futebol.
Os tumultos começaram no final do jogo entre o Arema FC, equipa em que alinham os portugueses Sérgio Silva e Abel Camará, e o Persebaya Surabaya.
Abel Camará ainda marcou dois golos pelo Arema, mas o encontro terminou com a vitória do Persebaya Surabaya por 3-2 — e o caos instalou-se.
Após a derrota do Arema, a primeira em casa em mais de duas décadas, os adeptos locais invadiram o campo e atiraram garrafas e objetos contra os jogadores.
A invasão do campo causou o caos, e os adeptos dos duas equipas rivais entraram em confronto. A polícia reagiu e disparou gás lacrimogéneo, inclusivamente em direção às bancadas do estádio, causando o pânico entre a multidão.
Centenas de adeptos correram para uma porta de saída na tentativa de escapar não só à violência, mas também ao gás lacrimogéneo.
Muitas das vítimas morreram pisadas ou por asfixia. O tumulto espalhou-se para fora do estádio, onde dois agentes da polícia foram mortos e pelo menos cinco veículos da polícia foram incendiados.
Crianças entre as vítimas
Segundo o chefe da polícia de Java Oriental, Nico Afinta, 34 pessoas morreram no estádio. As outras vítimas faleceram a caminho do hospital ou no hospital onde estavam sendo tratados.
Mais de 300 feridos tiveram necessidade de receber tratamento hospitalar. Segundo Afinta, o número de mortos pode ainda aumentar, pois há pacientes em estado grave.
Segundo Georg Matthes, editor-chefe da Deutsche Welle em Jacarta, há pelo menos 17 crianças entre os mortos.
O jornalista adianta ainda que, segundo a polícia local, a Federação de Futebol da Indonésia foi negligente em não informar as forças de segurança de que os procedimentos para o uso de gás lacrimogéneo em jogos de futebol são diferentes dos adotados em outro tipo de protestos.
A FIFA recomenda que não sejam usadas armas de fogo e gás lacrimogéneo por agentes de segurança em estádios de futebol.
Após o incidente, o presidente da Indonésia, Joko Widodo, ordenou “uma avaliação abrangente dos jogos de futebol e dos procedimentos de segurança”.
A Federação de Futebol da Indonésia suspendeu todos os jogos do campeonato nacional por uma semana e iniciou uma investigação sobre o incidente. O Arema FC também foi proibido de receber jogos no seu estádio até ao fim da época.
Segundo as autoridades, tinham sido vendidos 42 mil bilhetes para o jogo — num estádio com capacidade para apenas 38 mil espetadores.
A polícia local afirma ter recomendado que apenas fosse permitida a entrada o estádio de adeptos do Arema, devido à acérrima rivalidade entre os clubes.
Essa é uma das piores tragédias de sempre num estádio de futebol, depois do confronto entre adeptos do Peru e da Argentina no Estádio Nacional de Lima, em 1964, que provocou a morte a 318 pessoas.
A maior tragédia num estádio de futebol na Europa aconteceu em maio de 1985, no Heysel Park, em Bruxelas, durante a final da Taça dos Campeões Europeus, que opunha o Liverpool, de Inglaterra, à Juventus, de Itália.
O balanço final da tragédia apontou para 39 mortos e um número indeterminado de feridos. Na sequência dos distúrbios, cuja culpa foi atribuída aos adeptos do Liverpool, as equipas inglesas foram proibidas de participar em competições europeias durante cinco anos.
ZAP // Deutsche Welle