O neurologista alemão Gerald Hüther sustenta que, em muitas pessoas, o trabalho quotidiano afeta as mesmas zonas do cérebro que a dor física, salientando que quem vive esta experiência dificilmente pode recuperar a motivação.
Muita gente tem no trabalho experiências nas quais se ativam as mesmas redes do cérebro que reagem quando há dores físicas. Quem passa por esta experiência dolorosa dificilmente pode recuperar a motivação, disse o médico, citado na edição digital do Frankfurter Allgemeine.
O neurologista sustenta que esta experiência se deve à falta de independência que muitos vivem primeiro na escola e depois no local de trabalho, onde passam a ser permanentemente controlados pelo professor e depois pelos superiores nas empresas.
“Já na escola aprendemos que temos que nos limitar a fazer o que eles nos dizem e quando são maiores vão trabalhar com a mesma falta de motivação que tinham na escola”, disse Hüther.
No entanto, segundo o médico, muitas empresas já começaram a perceber que precisam de funcionários que não se limitem a cumprir o dever, mas que tenham criatividade e assumam responsabilidades.
Por isso, o neurologista defende que os trabalhadores tenham uma margem de autonomia para que passem a ir “com gosto” para o trabalho.
Segundo um estudo realizado pelo Instituto de pesquisa Gallup, apenas 16% dos trabalhadores na Alemanha vão “com alegria para o trabalho” e 67% vão desmotivados, limitando-se a cumprir o minimamente necessário.
“O cérebro pode evoluir ao longo da vida e podem sempre ocorrer processos em que surjam novas ligações de neurónios. Mas, isso só funciona se as partes emocionais do cérebro forem ativadas também”, disse Hüther.
“Se as pessoas tivessem a oportunidade de assumir a responsabilidade e sentir-se importantes, então a motivação voltaria”, destacou.
ZAP // Lusa