No final do dia 15 de janeiro de 2024, os trabalhadores do JN, DN, O Jogo, Global Imagens e serviços partilhados do grupo ainda não receberam os salários do mês de dezembro.
“Hoje é dia 15 de janeiro e os trabalhadores do JN ainda não receberam os salários de dezembro”, lê-se num post no grupo #somosJN no Facebook. “Na mesma situação estão os camaradas do jornal O Jogo, do Diário de Notícias, da Global Imagens e dos serviços partilhados do grupo”.
“A Comissão Executiva, que tinha sublinhado, na semana passada, no Parlamento, a intenção de pagar os salários em falta no início desta semana, não fez qualquer comunicação formal aos trabalhadores”, acrescenta o post.
O Sindicato dos Jornalistas (confirmou esta segunda-feira que uma parte dos trabalhadores do Global Media Groupainda não recebeu, esta segunda-feira, o salário de dezembro, indicando que vai pedir a intervenção da ACT por causa desta questão.
Num comunicado, a estrutura sindical disse que “a 15 de janeiro, os trabalhadores da Global Notícias”, uma das sociedades do grupo, “continuam sem receber o salário de dezembro, esperam pelo subsídio de Natal e uma explicação da administração, que parece incapaz de encontrar soluções para os problemas do grupo”.
“O Sindicato dos Jornalistas está perplexo com a postura da Comissão Executiva do Global Media Group”, indicou, salientando que “hoje, 15 de janeiro, quando os trabalhadores da Global Notícias esperavam um esclarecimento da Comissão Executiva (CE) a explicar porque ainda não receberam os salários de dezembro, receberam um email a anunciar um diretor interino na TSF”.
De acordo com a estrutura, os serviços jurídicos do sindicato “estão já a prestar apoio aos jornalistas que pretendem suspender o contrato, que podem começar a fazer a partir de depois de amanhã, 17 de janeiro”.
Segundo o SJ, “estas condições aplicam-se unicamente aos trabalhadores da empresa Global Notícias, uma vez que os trabalhadores de outras empresas do grupo — Rádio Notícias (TSF), Rádio Comercial Açores, Açoriano Oriental, a gráfica Naveprinter e a Notícias Direct receberam o salário de dezembro entre a primeira e a segunda semana deste mês”, recordando ainda “a greve mobilizadora, na empresa e na classe, a 10 de janeiro”.
O SJ lembrou que “o subsídio de Natal não foi pago no GMG; o salário de dezembro não foi pago à maioria dos trabalhadores; os vencimentos de novembro não foram pagos aos recibos verdes, que por norma recebem a 50 dias e já lá vão 55”.
“Enquanto esta CE se mostra incapaz de resolver os problemas da empresa, aparecem propostas de compra, mas a administração de José Paulo Fafe não dá sinais de responder aos proponentes e mantém a empresa e os trabalhadores na incerteza e na angústia e até fez questão de dizer, na AR, que recusou a proposta que tinha”, lamentou.
Em plena crise financeira e sob fogo de greves e protestos há mais de um mês, a Global Media Group (GMG) tem neste momento seis propostas de investimento em cima da mesa.
As seis manifestações de interesse de potenciais investidores recebidas pelo grupo de comunicação social variam desde injeções de capital na holding até à compra separada de ativos do grupo.
O desmembramento do grupo é o resultado previsto por metade das propostas. Três das seis manifestações de interesse visam a compra de partes do grupo.
O sindicato questiona: “o que querem José Paulo Fafe, Paulo Lima de Carvalho e Filipe Nascimento, os três administradores executivos do grupo? Parecem não ser capazes de gerir a empresa e, aparentemente, estão apenas empenhados em engrossar as listas do Instituto de Emprego com 200 trabalhadores, quando há propostas de investidores que prometem investimento e poupam empregos”.
Tendo em conta este cenário, o SJ “vai propor uma intervenção de urgência da Autoridade para as Condições do Trabalho no GMG, para tentar perceber por que razão a empresa não paga os salários, uma vez que o grupo continua a trabalhar, a vender jornais, a cobrar publicidade”.
O grupo “está a investir na insegurança dos trabalhadores na redação do Porto”, acusa o SJ, ao acabar com os serviços de vigilância 24 horas, alegando que o faz também em Lisboa, reduzindo a segurança à de horário de escritório”.
No entanto, disse, “nas Torres de Lisboa o próprio edifício tem segurança 24 horas”, o “que não acontece no Porto”, algo agravado pelo facto de “as instalações do JN e de O Jogo se situarem numa zona algo isolada e que até à mudança destes dois títulos para o local estava conotada com o tráfico e consumo de droga”.
“Esta é só uma das demasiadas e continuadas faltas de respeito pelos trabalhadores que tem sido a marca desta CE”, indicou, apontando o dedo a “uma administração que não dialoga, que não é capaz de negociar, que não fala com os outros, fechada no seu mimetismo, que contrata assessores e consultores, enquanto se prepara para dispensar 200 trabalhadores”.
No início do mês, o JN fez uma greve “a 100%” e o jornal não saiu nas bancas, 34 anos depois.
A redação do JN criou uma petição pública e a iniciativa “Somos JN”, com o objetivo de alertar para as consequências do despedimento coletivo no jornal, que entre a sede no Porto e a delegação de Lisboa tem cerca de 90 profissionais.
Na semana seguinte, a direção da TSF demitiu-se em bloco: Rui Gomes (diretor-geral) Rosália Amorim (diretora de informação) e Artur Cassiano (subdiretor) deixaram os respetivos cargos.
Também as direções do JN e d’O Jogo, apresentaram a demissão em bloco, 48 horas depois, devido à degradação das condições para o exercício do cargo perante as medidas anunciadas pelo Global Media Group.
ZAP // Lusa