Injeção de capital ou compra do JN e TSF. Global Media tem seis propostas em cima da mesa

Fernando Veludo / Lusa

Início da greve de trabalhadores do Jornal de Notícias

Duas propostas preveem aumento de capital, uma a compra do grupo e três o desmembramento. Marco Galinha mostrou interesse no JN e O Jogo e sugere mudança de gestão, o que poderia reverter as medidas drásticas anunciadas.

Em plena crise financeira e sob fogo de greves e protestos há mais de um mês, a Global Media Group (GMG) tem neste momento seis propostas de investimento em cima da mesa que apontam para diferentes caminhos, avança o Jornal Económico esta segunda-feira.

As seis manifestações de interesse de potenciais investidores recebidas pelo grupo de comunicação social — detentor de ativos como o Jornal de Notícias (JN), Diário de Notícias (DN), TSF e O Jogo — variam desde injeções de capital na holding até à venda separada de ativos do grupo.

Duas das propostas envolvem aumentos de capital. Uma delas, do Nobias European Studios (NES), liderado por Ricardo da Silva Oliveira, oferece um investimento de dez milhões de euros por 51% do capital da Global Media; outra, de um grupo de empresários, propõe um investimento de cinco milhões de euros.

Outra proposta propõe a compra do grupo, contemplando a compra de 100% do capital da Global Media, mas o proponente ainda não foi identificado.

O desmembramento do grupo é o resultado previsto por metade das propostas. Três das seis manifestações de interesse visam a compra de partes do grupo.

Marco Galinha, juntamente com outros investidores, ofereceu 12 milhões de euros pelos jornais JN e O Jogo; a Officetotal Food Brands (OFB) mostrou interesse no JN, O Jogo e nas revistas da Global Media, com sede no Porto, indicando uma possível fragmentação geográfica e editorial. A OFB avaliou estes ativos em oito milhões de euros.

Além disso, existe uma sexta proposta para a compra da TSF, ainda sem proponente conhecido.

O aumento de capital poderia proporcionar uma injeção financeira imediata, que se vê como fundamental para a estabilidade do grupo. Já a venda separada de ativos pode levar ao desmembramento da GMG, alterando significativamente o panorama e funcionamento dos media em Portugal.

A proposta de Marco Galinha, detentor de 49% da Páginas Civilizadas (holding controladora da Global Media), sugere uma mudança na gestão, o que poderia reverter a atual direção do grupo.

Galinha, invocando incumprimento contratual, já apresentou uma providência cautelar contra o World Opportunity Fund (WOF), a entidade das Bahamas que entrou no capital da empresa e indicou José Paulo Fafe para CEO, dando origem à sugestão de medidas drásticas como a eliminação de cerca de 200 postos de trabalho, principalmente no JN e na TSF, para evitar a falência.

Se aceite pela Justiça, a providência poderá alterar o equilíbrio de poder dentro da empresa.

Futuro incerto

A decisão dos acionistas e a intervenção da Justiça nas próximas semanas serão fundamentais para determinar se a Global Media irá emergir desta crise como uma entidade coesa ou se será dividida em várias partes, com impactos significativos para os trabalhadores, leitores e para o jornalismo português.

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) anunciou a abertura de procedimentos sobre situação na Global Media na passada segunda-feira.

Enquanto isso, há quem defenda a ideia de que o Estado deve intervir nos órgãos de comunicação social do grupo. De acordo com o especialista Jorge Bacelar Gouveia, o Governo tem margem de manobra para nacionalizar parte da empresa, hipótese que já foi descartada pelo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.

A situação financeira do grupo é “extremamente grave”.

A empresa refere que não pode adiantar nem comprometer-se com qualquer data, para o pagamento dos salários de dezembro, podendo unicamente “garantir estar a fazer todos os esforços para que o atraso desse pagamento seja o menor possível”, pode ler-se.

No início do mês, o JN fez uma greve “a 100%” e o jornal não saiu nas bancas, 34 anos depois.

A redação do JN criou uma petição pública e a iniciativa “Somos JN”, com o objetivo de alertar para as consequências do despedimento coletivo no jornal, que entre a sede no Porto e a delegação de Lisboa tem cerca de 90 profissionais.

Na semana seguinte, a direção da TSF demitiu-se em bloco: Rui Gomes (diretor-geral) Rosália Amorim (diretora de informação) e Artur Cassiano (subdiretor) deixaram os respetivos cargos.

Também as direções do JN e d’O Jogo, apresentaram a demissão em bloco, 48 horas depois, devido à degradação das condições para o exercício do cargo perante as medidas anunciadas pelo Global Media Group.

ZAP //

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