“Rebeldes” que saíram do Partido Conservador concorrem como independentes ou pela oposição

Chris McAndrew / Wikimedia

Dominic Grieve, um dos antigos membros do Partido Conservador

Vários deputados dissidentes ou expulsos do Partido Conservador estão a candidatar-se como independentes ou por partidos da oposição nas legislativas de 12 de dezembro por se oporem ao Brexit negociado pelo primeiro-ministro.

O antigo procurador-geral Dominic Grieve e o antigo ministro da Justiça David Gauke são candidatos independentes nos círculos vizinhos de Beaconsfield e South West Hertfordshire, ambos cerca de 50 quilómetros a noroeste de Londres, enquanto a antiga secretária de Estado da Educação Anne Milton é candidata no círculo de Guildford, cerca de 60 quilómetros a sudoeste da capital britânica.

Os três faziam parte do grupo de 21 “rebeldes” que foram expulsos após uma manobra parlamentar para forçar Boris Johnson a pedir um prolongamento do Brexit por mais três meses, até 31 de janeiro.

Alguns desses “rebeldes” foram mais tarde reintegrados no Partido Conservador, mas a maioria retirou-se da política. Foi o caso dos veteranos Ken Clarke, Nicholas Soames, Oliver Letwin ou ainda de figuras proeminentes como Alistair Burt, Margot James, Philip Hammond e Justine Greening.

Apenas quatro são candidatos à reeleição pelos Conservadores: Caroline Nokes, Steve Brine, Stephen Hammond e Greg Clark, depois de terem assinado um compromisso de que votariam a favor do acordo para o Brexit negociado com Bruxelas.

De entre os que se candidatam como independentes, Dominic Grieve, que defende um segundo referendo, resistiu devido ao conflito pessoal com o líder dos tories, tendo afirmado recentemente à rádio LBC: “Considero Boris Johnson extremamente problemático como indivíduo. É um político em que eu simplesmente não consigo confiar. É alguém que é surpreendentemente elástico com a verdade”.

David Gauke receia que uma maioria absoluta do partido coloque a prosperidade económica do país em risco devido à divergência com a união aduaneira e regras europeias e ao risco de não ser concluído um acordo de comércio livro durante o período de transição, que acaba no final de 2020.

“Teria sido mais fácil sair sem fazer barulho, mas sinto que tenho de tomar uma atitude e defender que estamos a caminhar para um resultado do qual nos vamos arrepender profundamente”, justificou, em declarações ao The Times.

Os “rebeldes” Sam Gyimah e Antoinette Sandbach aderiram aos Liberais Democratas e são candidatos no bairro londrino de Kensington e em Eddisbury, no condado de Cheshire, no norte de Londres.

Os Liberais Democratas também acolheram e nomearam como candidatos outros dissidentes conservadores, como Sarah Wollaston e Phillip Lee, e os dissidentes trabalhistas Luciana Berger e Chuka Umunna.

Outros dissidentes dos dois principais partidos, como Anna Soubry, Chris Leslie e Mike Gapes, são candidatos pelo Change UK – The Independent Group, uma formação anti-Brexit que perdeu membros e influência desde que foi criada no início do ano.

Para o politólogo Patrick Dunleavy, da London School of Economics, estes candidatos enfrentam um desafio para serem reeleitos sem o apoio das máquinas partidárias.

“Historicamente, não há muitos precedentes, mas alguns, como Dominic Grieve, têm tido muita visibilidade mediática e vai ser interessante ver se conseguem ser eleitos contra os antigos partidos”, afirmou à Lusa durante um encontro com jornalistas estrangeiros.

// Lusa

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