Escritor e especialista em segredos estendeu-se sobre o assunto. Quando um segredo incomoda, conte; nem que seja a uma terceira pessoa.
Segredos. Quem não os tem?
Foi o tema da entrevista concedida ao portal Salon por Michael Slepian, especialista em segredos e autor do livro The Secret Life of Secrets: How Our Inner Worlds Shape Our Well-Being, Relationships, and Who We Are.
Desde logo, os números. Quantos segredos cada pessoa guarda? Um estudo que envolveu milhares de pessoas terminou com 38 categorias de segredos; e, em média, cada pessoa tinha 13 segredos dessa lista. Embora a maioria possa nem estar a afectar a pessoa.
Ou seja, os segredos serão comuns, ou semelhantes, entre milhões de pessoas: “Pode parecer algo muito pessoal, individual, mas na verdade todos nós guardamos os mesmos tipos de segredos. Estamos todos no barco, resumindo”.
Os segredos que vêm logo à mente são “os que mais nos magoam” – e não aqueles que queremos esconder mais.
Entre as mencionadas 38 categorias, os assuntos mais frequentes em segredos são: ter magoado alguém e ter sido infiel. Mas a gravidez e o aborto também são muito frequentes. As mulheres contam mais frequentemente os seus segredos (não à pessoa de quem querem esconder, mas a uma terceira pessoa); ainda não se conseguiu perceber exactamente porquê.
Michael Slepian vê diferenças entre gerações: “Os jovens de hoje são muito mais encorajados a dizer o que pensam, a partilhar os seus sentimentos e a encontrar palavras para descrever esses sentimentos. Sobre o homem, por exemplo: está ultrapassada a ideia dos anos 90, em que um homem era demasiado sensível se falasse sobre os seus sentimentos”.
O professor na Universidade de Columbia admite que, após anos de pesquisa sobre o assunto, prefere não ter segredos: “Tento não ter um segredo que só eu sei. Tento confiar nas pessoas, sempre que posso. Aprendi muito sobre a forma como os segredos afectam as pessoas”.
“Quando guardas algo inteiramente para ti, é muito difícil encontrar uma maneira saudável de pensar sobre isso, especialmente se for algo que te está a incomodar ou a perturbar. Portanto, os segredos que mais nos prejudicam são aqueles que nos incomodam. E é algo que a nossa mente pensa e volta a pensar…”, avisa.
E o conselho prolonga-se: “Se há um segredo com o qual lutas, mantê-lo inteiramente para ti não vai ajudar-te a seguir em frente. Isso requer falar sobre isso com alguém. Não precisa de ser a pessoa de quem estás a esconder o segredo, mas apenas alguém em quem podes confiar, alguém que deve ser capaz de entender esse segredo” – mesmo quando estávamos a guardar o segredo para não magoar outra pessoa, ou para não prejudicar uma relação.