E se os megavulcões que marcaram o início do período Jurássico tivessem afinal provocado uma extinção em massa devido ao frio e não ao calor? É o que dizem os investigadores da Universidade de Columbia.
É verdade que os vulcões de erupção massiva que dividiram o continente Pangeia existiram. É verdade que a lava fluiu pela face da Terra por 600 mil anos. É verdade que isto marcou o final do período do Triásico e o início do Jurássico.
Mas não é verdade que tenha sido o calor a matar então essas espécies, abrindo caminho aos dinossauros.
É o que explica Dennis Kent, autor principal de um estudo recentemente publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, à Science Focus: os vulcões acabaram por matar as espécies do Triásico da forma oposta: através do frio.
Segundo o autor, as partículas de sulfato que arrefecem a atmosfera causaram mais danos do que o dióxido de carbono emitido pela lava. Estas partículas foram lançadas em massa na atmosfera, o que faz refletir a luz solar para longe da Terra e arrefece o planeta de tal modo que os seus habitantes morreram congelados.
“O dióxido de carbono e os sulfatos atuam não só de formas opostas, mas também em períodos de tempo opostos“, explicou o investigador da Universidade de Columbia, nos EUA.
“O dióxido de carbono leva muito tempo a acumular-se e a aquecer as coisas, mas o efeito dos sulfatos é praticamente instantâneo. Isto leva-nos para o domínio do que os humanos podem compreender. Estes acontecimentos ocorreram no espaço de uma vida“, detalha Kent.
Hoje, sabe-se que um asteroide e outros fatores foram os responsáveis pelo desaparecimento dos dinossauros, que reinaram na terra por mais de 53 milhões de anos. Mas há 201,6 milhões de anos, para que estes seres gigantes pudessem nascer, teve de existir essa extinção através de congelamento, conclui o estudo.
Mas porque é que os dinossauros foram a criatura que passou a dominar a Terra? A resposta é simples — na Era do Triásico, existiam já pequenos dinossauros, que evoluiriam mais tarde para os gigantes, como o Triceratops ou o T.rex. Esses seres e alguns pequenos mamíferos resistiram às catástrofes naturais e continuaram a evoluir.
Na investigação, os investigadores analisaram sedimentos vulcânicos no Canadá, nos EUA e nas montanhas de Marrocos. Encontraram indícios de cinco “impulsos” de lava datados do final do Triásico, erupções espalhadas ao longo de 40 000 anos.
Em geologia, este período é muito curto, e as espécies não teriam tido oportunidade de recuperar, denota a Science Focus.
Antes destes “impulsos”, eram abundantes no registo geológico vários fósseis do período do Triásico — incluindo lagartos arbóreos, anfíbios gigantes, parentes terrestres dos crocodilos e plantas exóticas. Mas, depois destes acontecimentos, tudo o frio levou.