Os Estados Unidos estão a apertar o cerco ao TikTok e a rede social pode mesmo ser banida do país. A Europa está mais atenta e o mesmo pode acontecer aqui.
Em 2020, o então Presidente norte-americano Donald Trump ponderou colocar o TikTok numa lista negra com o objetivo de impedir que a rede social fosse usada.
O receio era que a empresa chinesa ByteDance, obtivesse os dados pessoais dos utilizadores através da aplicação. Trump acabou por não conseguir avançar com o seu desejo.
Quase três anos depois, a vida não corre melhor à empresa-mãe do TikTok — pelo contrário. A Casa Branca tem enfrentado uma pressão crescente para que o Congresso proíba amplamente o uso da rede social no país.
Na semana passada, o senador do Missouri, Josh Hawley, apresentou uma nova lei que propõe o banimento da aplicação chinesa.
O “No TikTok on the United States Devices Act” proibiria o uso do TikTok em todos os dispositivos dentro dos Estados Unidos. No entanto, o tema está a dividir o Congresso e promete provocar um aceso debate.
Recentemente, o Presidente Joe Biden fez aquilo que Trump queria e proibiu o uso da aplicação nos dispositivos do poder executivo, deixando de parte os congressistas e seu funcionários.
O diretor do FBI, Christopher Wray, alertou o Governo de que a China poderia estar a usar o TikTok para controlar os dispositivos dos seus utilizadores. Cientes dos perigos, pelo menos 20 universidades públicas já tomaram medidas para proibir o TikTok, restringindo o seu acesso dentro do campus.
“O apelo do senador Hawley pela proibição total do TikTok adota uma abordagem fragmentada para a segurança nacional e uma abordagem fragmentada para questões amplas do setor, como segurança de dados, privacidade e danos online”, reagiu um porta-voz do TikTok, em declarações ao Gizmodo.
Através do Twitter, Hawley defendeu que o TikTok “é a porta dos fundos da China para a vida dos americanos”.
.@tiktok_us is China’s backdoor into Americans’ lives. It threatens our children’s privacy as well as their mental health. Last month Congress banned it on all government devices. Now I will introduce legislation to ban it nationwide
— Josh Hawley (@HawleyMO) January 24, 2023
“Ameaça a privacidade dos nossos filhos, bem como a sua saúde mental”, lê-se ainda no tweet do senador.
Agora, o CEO do TikTok, Shou Zi Chew, vai testemunhar perante o Congresso, no dia 23 de março, devido às tentativas de banir a aplicação, segundo a NPR.
“Os americanos merecem saber como é que estas ações afetam a sua privacidade e segurança de dados, bem como quais ações o TikTok está a tomar para manter os nossos filhos protegidos contra danos online e offline”, escreveu, num comunicado, o Comité de Energia e Comércio da Câmara dos Deputados.
Europa segue o mesmo caminho?
O crescente escrutínio do TikTok nos Estados Unidos fez soar os alarmes na Europa. A rede social está também a sentir uma maior pressão dos reguladores europeus.
O comissário do Mercado Interno da União Europeia, Thierry Breton, alertou este mês o CEO do TikTok que o bloco comunitário pode proibir a aplicação se esta não cumprir as novas regras sobre conteúdo digital. A ameaça marca uma mudança do tom de Bruxelas, escreve a Bloomberg.
Breton disse que “não é aceitável” que os utilizadores da plataforma possam aceder a “conteúdo prejudicial e às vezes até mesmo com risco de vida” em segundos. A empresa de Shou Zi Chew tem até ao dia 1 de setembro para impor mudanças.
O TikTok tinha cerca de 275 milhões de utilizadores ativos mensais na Europa em dezembro, mais de um terço da população do continente europeu.
“O sucesso do TikTok é resultado de uma falha na política europeia”, disse Moritz Korner, membro do Parlamento Europeu pelo Partido Democrático Livre da Alemanha, em declarações à CNBC. “De uma perspetiva geopolítica, a inatividade da UE em relação ao TikTok foi ingénua”.
O eurodeputado está preocupado que a plataforma represente “vários riscos inaceitáveis para utilizadores europeus”, incluindo “acesso a dados pelas autoridades chinesas, censura [e] rastreamento de jornalistas”.
“O dragão de dados TikTok deve ser colocado sob a vigilância das autoridades europeias”, atirou Korner. “A Europa deve finalmente acordar”.