O diagnóstico de cancro do fígado pode sofrer uma reviravolta após um grupo de investigadores escoceses terem desenvolvido um teste à urina que permite detetar a presença de biomarcadores associados à doença.
Atualmente, o diagnóstico é feito através de análises ao sangue, ecografias ou cirurgias, todos estes métodos invasivos e que requerem uma visita ao médico. Mas com o novo teste criado por investigadores do Cancer Research U.K. Beatson Institute em Glasgow, na Escócia, esse cenário pode ser ultrapassado.
“Espera-se que o número de pessoas com cancro do fígado aumente, por isso necessitamos de novas ferramentas para o encontrar e tratar mais cedo”, disse ao Herald Saverio Tardito, o principal investigador responsável pelo projeto.
“Ficámos entusiasmados por descobrir este novo metabolito, que nunca tinha sido descrito antes nos mamíferos. É um bom candidato para testes de diagnóstico visto ser específico de um tipo particular de cancro do fígado, podendo facilmente ser detetado na urina e utilizado como marcador para monitorizar o crescimento de tumores”, acrescentou o especialista.
A equipa pretende agora determinar o quão cedo o metabolito surge no fígado, de modo a identificar em que momento o teste de urina pode ajudar no diagnóstico de forma fiável.
De acordo com o Interesting Engineering, em cerca de um quarto dos doentes com cancro do fígado a doença é resultado de uma molécula proteica conhecida como beta-catenina. O novo teste de urina consegue detetar essa molécula.
Os investigadores “tropeçaram” na molécula enquanto estudavam um matabolito designado por N5-metilglutamina, que apareceu em níveis elevados em ratos com um tipo específico de cancro do fígado.
Testes capazes de detetar o cancro vêm sendo desenvolvidos ao longo do tempo. Em 2020 foi criado um novo teste de sangue que permitia detetar 50 tipos de cancro, por vezes mesmo antes de surgirem os sintomas. O teste foi preciso na deteção de 12 dos tipos mais agressivos de cancro – incluindo o do pâncreas.
Também em 2020 uma equipa criou um teste de sangue capaz de detetar cinco dos tipos mais comuns de cancro – estômago, esófago, colorretal, pulmonar e do fígado -, quatro anos antes de os sintomas surgirem.
Já em 2022 outra equipa desenvolveu uma lente de contacto capaz de detetar o cancro e, no futuro, até mesmo tratá-lo. O dispositivo identifica subprodutos celulares em lágrimas, denominados por exosomas, que indicam crescimento tumoral.