Invasão de televisão em direto e tiroteios após fuga de líder de gangue: dia de terror no Equador

Presidente decretou estado de “conflito armado interno” e chamou os tanques das Forças Armadas à rua, que testemunha roubos, saques e tiroteios desde esta terça-feira. Argentina pronta para entrar em ação.

Instalou-se o terror na cidade de Guayaquil, no Equador, após vários ataques armados registados esta terça-feira.

A série de atos de violência espalhou-se por várias cidades, incluindo a capital Quito, mas Guayaquil, segunda maior cidade do país sul-americano, foi o epicentro da violência.

A cidade foi atingida por roubos, saques e tiroteios em áreas comerciais, admitiu a polícia em conferência de imprensa.

Pelo menos dez pessoas morreram e outras três ficaram feridas, incluindo um agente da polícia, confirmou o autarca da cidade.

Na zona norte da cidade costeira, vários indivíduos dispararam contra veículos que passavam nas imediações, provocando a morte de cinco pessoas e ferindo um estudante. Na mesma zona, um grupo armado invadiu um armazém e assassinou três pessoas.

Tudo começou na segunda-feira, quando José Adolfo Macías Salazar, mais conhecido como “Fito” e como cabecilha de um dos principais grupos de crime organizado do país, Los Choneros, fugiu da prisão.

A fuga originou motins em seis prisões do país, com mais de 150 guardas e staff das prisões a ser feito refém pelos prisioneiros, avança a Reuters.

A violência estendeu-se às ruas um dia depois.

Encapuzados invadem estúdio de televisão

Vários homens armados invadiram um estúdio do canal de televisão TC na mesma cidade do sudoeste do país e fizeram os jornalistas e outros funcionários reféns durante uma transmissão em direto.

Nas imagens, os homens armados com pistolas, espingardas e granadas caseiras, são vistos a agredir os trabalhadores e a obrigá-los a permanecerem no chão, exigindo que pedissem a saída da polícia que chegou entretanto ao local.

Mais tarde, ouviram-se vários tiros e gritos de pessoas enquanto a transmissão em direto continuava. “Não atire, por favor, não atire!”, grita uma mulher durante o tiroteio.

As imagens mostram ainda alguns dos homens encapuzados e outros com a cara destapada, a filmarem-se com telemóveis, enquanto faziam sinais com as mãos dos grupos ligados ao tráfico de drogas que estão a causar uma onda de terror no Equador.

“Eles vieram para nos matar, meu Deus proteja-nos”, escreveu um dos jornalistas numa mensagem enviada por WhatsApp a um correspondente da agência France-Presse. A Polícia Nacional confirmou, em comunicado, que as unidades foram alertadas e já estariam no local.

Todos os homens armados que invadiram o estúdio de televisão foram, entretanto, detidos, segundo o chefe da Polícia Nacional, comandante César Zapata, em declarações ao canal Teleamazonas.

A Procuradoria do Equador disse na rede social X que irá acusar 13 pessoas pelo crime de terrorismo pelo ataque.

Estado de “conflito armado” chama tanques à rua

Pouco tempo depois, o Presidente do Equador decretou estado de “conflito armado interno” que incluiu seis horas de recolher obrigatório de durante a noite e ordenou a neutralização dos grupos criminosos envolvidos no tráfico de drogas.

Num decreto presidencial, Daniel Noboa ordenou “a mobilização e intervenção das forças armadas e da Polícia Nacional (…) para garantir a soberania e integridade nacionais contra o crime organizado e organizações terroristas”.

Numa conferência de imprensa conjunta com a polícia, Aquiles Álvarez manifestou solidariedade às famílias das vítimas e disse que o seu compromisso “é com a segurança” da cidade costeira.

“Vamos trabalhar de forma proativa e colaborativa com as forças públicas, a quem apoiamos de forma absoluta para fortalecer a resposta conjunta à grave crise de segurança”, acrescentou o autarca.

Também o Tribunal Nacional de Justiça (CNJ) lamentou a “ofensiva do crime organizado”, referindo-se igualmente a motins nas prisões, automóveis incendiados e ataques com explosivos.

Em comunicado, o tribunal condenou os ataques e ameaças que surgiram contra o presidente do CNJ, Iván Saquicela, e a procuradora-geral do Estado, Diana Salazar.

Argentina pronta para travar terror. EUA atentos

A Argentina disse na terça-feira estar disponível para enviar membros das forças de segurança para ajudar o Equador a enfrentar uma vaga de violência que já causou pelo menos dez mortos.

A Argentina expressou “firme apoio” às autoridades e ao povo equatorianos e ofereceu o envio das “forças de segurança, se necessário, para ajudar” o país numa “questão continental”.

A ministra da Segurança argentina, Patricia Bullrich, lamentou que o Equador “tenha passado de um país tranquilo, com baixo índice de homicídios, para um país dominado pelo narcoterrorismo”.

O Governo dos EUA está a acompanhar “de perto” os relatos de “violência, sequestros e uma série de explosões no Equador” e está pronto “a prestar assistência”, disse à agência de notícias EFE um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano.

“Estamos atentos a todo o apoio que o governo do Equador nos solicite”, disse o Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, na rede social X.

ZAP //

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