Jens Frederik Nielsen / Instagram

Jens Frederik Nielsen é o novo primeiro-ministro do país, ainda dependente da Dinamarca
Oposição de centro-direita vence eleições na maior ilha do mundo, no momento de tensão crescente entre os gronelandeses e os EUA. “Interesse exterior” marcou as legislativas.
Contra as expectativas, o grande vencedor da noite eleitoral gronelandesa foi o partido de centro-direita Demokraatit.
“A Gronelândia precisa que nos mantenhamos unidos num momento de grande interesse do exterior“, disse o líder do partido, Jens Frederik Nielsen, citado pela BBC. O próprio novo priemiro-ministro ficou surpreendido: “Não esperávamos que as eleições tivessem este resultado; estamos muito contentes”.
Agora, no parlamento, os democratas de centro-direita substituíram o socialista Inuit Ataqatigiit (IA), o partido do antigo primeiro-ministro Múte B Egede, que perdeu quase metade dos lugares, como partido maioritário.
O The Guardian refere-se à vitória dos independentistas moderados como um “terramoto político” no país, uma vez que se trata do melhor resultado de sempre do partido. A vitória era apontada ora ao IA, ora ao Naleraq, partido independentista mais radical — o Demokraatit defende uma independência baseada no diálogo com a Dinamarca e com a nova ameaça do país: os EUA.
“Os democratas estão abertos a conversações com todos os partidos e procuram a unidade. Especialmente com o que está a acontecer no mundo”, disse Jens Frederik Nielsen. Isto porque, sem maioria absoluta (os democratas obtiveram cerca de 30% dos votos), os partidos terão agora de formar uma coligação para governar.
A grande maioria dos 57 mil gronelandeses é independentista, face à Dinamarca (à qual ainda obedecem desde o tempo do colonialismo) e aos EUA, e também o são 5 dos 6 partidos com assento parlamentar. Na semana passada, Donald Trump voltou a reiterar que quer comprar a Gronelândia “de uma forma ou de outra”.
O ministro da Defesa da Dinamarca, Troels Lund Poulsen, já se pronunciou sobre a vontade de independência do país: “O futuro da Gronelândia depende da vontade da população e do governo da Gronelândia”, afirmou.
Já os EUA, não parecem estar na mesma página. O até agora primeiro-ministro, Múte B Egede, tem sido peremptório: a Gronelândia “não está à venda” e tem de ser “tratada com respeito”. Com a viragem à direita, que futuro para a maior ilha do mundo?
Um país de apenas 57 mil habitantes tem realmente condiçoes para ser independente? Se calhar, está dado o segundo passo para a Gronelândia ser “tomada” pelos EUA.