Situado na plataforma tibetana a 6740 metros de acima do nível do mar, os glaciares no sopé da cadeia montanhosa Meili já perderam um quarto do gelo desde 1970 – e o pior está para vir.
Concentrando a maior quantidade de neve e de gelo depois do Ártico e do Antártico, dois terços dos seus glaciares podem desaparecer nos próximos 80 anos, revela um relatório agora publicado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Os cientistas avisam que no final do século esta camada de gelo em torno do Kawa Kapo, uma montanha sagrada para os budistas, terá derretido severamente e já nada pode ser feito. Mesmo que se cumpram as metas do acordo internacional para limitar o aquecimento global em 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, o degelo é irreversível.
Khawa Karpo está no “terceiro pólo” do mundo. É assim que os glaciologistas se referem a esta zona, lar da vasta camada de gelo Hindu Kush-Himalaia, porque contém a maior quantidade de neve e gelo depois do Ártico e Antártico – cerca de 15% do total global. No entanto, um quarto de seu gelo foi perdido desde 1970.
De acordo com a reportagem do jornal britânico The Guardian, esta “torre de água gelada” da Ásia alimenta dez dos maiores rios do mundo, entre eles o Ganges e o Mekong, e dos quais dependem diretamente – através da água que bebem, que usam na agricultura ou para produzir energia – 1,6 mil milhões de pessoas.
Esta região do planeta não tem tido a atenção que o degelo nos pólos Norte e Sul têm tido. Uma previsão errada veiculada pelo próprio IPCC, em 2007, antecipando o fim de todos os glaciares dos Himalaias até 2035, terá contribuído para uma desvalorização da situação.
As condições de acesso também não têm facilitado a situação. Situando-se num local sagrado para os locais, o acesso ao glaciar de Mingyong, no sopé da montanha Kawa Kapo, está vedado aos cientistas e tem de ser estudado apenas com recursos a fotografias tiradas sucessivamente ao longo do tempo para medir a retração do gelo.
Tal como está a acontecer nos pólos, o aumento da temperatura média global do planeta ajuda a explicar o desaparecimento dos glaciares. Porém, no caso da plataforma tibetana, os efeitos fazem-se sentir mais rapidamente pela altitude a que se encontra.
Mesmo que o aumento da temperatura no planeta fique abaixo de 1,5ºC, a subida na região rondará os dois graus. Os efeitos já se fazem sentir na diminuição da queda de neve. Comparando com há quatro décadas, registam-se agora menos quatro noites frias por ano e sete mais noites quentes.
“Esta é a crise climática de que não se fala”, alerta um cientista-chefe de uma organização internacional baseada em Katmandu.
Só não dizem que a temperatura de 1940 a 1970 desceu e o gelo aumentou, por alguma razão a contagem começa nos anos 70. E assim se vigariza aquilo que deveria ser ciencia
Ainda há pouco uns senhores que queriam provar que o planeta está a derreter ficaram presos no navio porque o mar congelou. A notícia não aparece mas basta ver quem lá ia é que interesses defende para perceber.