“Interesses que sobrevoam”. Teoria de Montenegro sobre incêndios não tem fundamentos

TIAGO PETINGA/LUSA

O primeiro-ministro, Luís Montenegro

As investigações das autoridades que estão averiguar as causas das ingnições dos fogos desta semana, em Portugal, contrariam a teoria de Luís Montenegro de que “há interesses que sobrevoam estas ocorrências”.

O primeiro-ministro anunciou, na terça-feira, a criação de “uma equipa especializada” para investigar criminalmente a origem dos incêndios dos últimos dias, falando em “coincidências a mais” e “interesses particulares”.

Luís Montenegro assegurou que não iria largar “aqueles que, em nome de interesses particulares, são capazes de colocar em causa os direitos, as liberdades, as garantias e a própria vida dos cidadãos e são capazes de empobrecer o país”.

“Nós não podemos perdoar a quem não tem perdão. Nós não podemos perdoar atitudes criminosas que estão na base de muitas das ignições que ocorreram nos últimos dias. Sabemos que há fenómenos naturais e sabemos que há circunstâncias de negligência que convergem para que possam eclodir incêndios florestais. Mas há coincidências a mais”, considerou.

No entanto, os investigadores da Polícia Judiciária e da GNR que estão a analisar as causas dos incêndios garantem, ao Expresso, que a tese do primeiro-ministro não está fundamentada em relatórios oficias ou factos diretos.

Na última semana (bem como nos últimos anos), não foi detetado qualquer tipo de ligações com organizações com interesses ocultos, por trás dos fogos em que há suspeitas de mão criminosa.

“Não temos prova de haver incendiários que tenham cometido estes crimes por interesses económicos escondidos. Em teoria, pode até haver casos destes, mas as autoridades nunca o comprovaram“, explicam ao semanário fontes policiais.

As fontes descreveram ainda as três teses que se repetem todos os verões, sobre quem são os incendiários, mas que, muitas vezes, não passam de conspirações:

  • Pirómanos que põem fogo durante a noite em vários pontos da floresta para dificultar a vida aos bombeiros;
  • Alianças obscuras entre madeireiros, cujo objetivo é comprarem a madeira mais barata;
  • Empresas fornecedoras da proteção civil de material de combate às chamas, que enriquecem com os incêndios.

Só que, quando se investiga, muitas destas ignições são “simplesmente projeções que têm origem num outro local afetado pelas chamas e que acabam por dar origem a um novo incêndio, por vezes iniciado a grande distância” – explica uma das fontes militares.

Como cita a Antena 1, na última semana, a maior parte dos suspeitos de fogo posto agiu numa “lógica de imitação e sem qualquer interesse económico”, tratando-se de pessoas com distúrbios mentais – muitas delas reincidentes.

ZAP //

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