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Montenegro: “Não vamos largar estes criminosos”. 7 mortos nos incêndios

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Tiago Petinga / Lusa

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, acompanhado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

Equipa especializada para investigar os incêndios, porque “há coincidências a mais”. Três bombeiros morreram em Oliveirinha.

Como se esperava, terça-feira não foi mais suave do que segunda-feira, no que diz respeito a incêndios em Portugal.

Ao longo do dia foram registadas mais três mortes. Os falecidos eram todos bombeiros da corporação de Vila Nova de Oliveirinha, Tábua.

Morreram quando se deslocavam para um incêndio rural naquele concelho, junto à aldeia de Vila do Mato, na freguesia de Midões – o carro foi consumido pelas chamas.

A Câmara Municipal de Tábua já declarou três dias de luto municipal.

Desde domingo, já morreram sete pessoas e cerca de 40 ficaram feridas, duas com gravidade.

Há fogos mais complicados ao longo das últimas horas. Um incêndio deflagrou na noite de terça-feira, às 23h, em Castro Daire; alastrou e está a criar uma situação gravíssima e incontrolável em Arouca.

Em Gondomar, há várias frentes ativas e a situação está complicada.

Em Vila Real, num incêndio que começou em Vila Pouca de Aguiar, há chamas a “arder com intensidade” e a ameaçar casas no centro da aldeia de Vilarinho de Samardã.

Noutros locais, como Albergaria-a-Velha, Cabeceiras de Basto ou Vila Pouca de Aguiar, a situação parece estar controlada.

A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa já os 62.000 hectares.

“Criminosos”

Na noite passada, o Governo declarou a situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias.

O primeiro-ministro anunciou nesta terça-feira que será criada “uma equipa especializada” para investigar criminalmente a origem dos incêndios dos últimos dias, falando em “coincidências a mais” e “interesses particulares”.

Nós não vamos largar estes criminosos, nós não vamos largar este combate a quem coloca todo um país em causa”, assegurou Luís Montenegro, no final de um Conselho de Ministros extraordinário convocado para analisar “toda a situação relativa aos incêndios e às suas consequências”, numa reunião presidida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a seu convite.

Montenegro considerou que há uma necessidade de os portugueses “saberem que o Estado, em seu nome, vai atrás dos responsáveis por estas atrocidades” e assegurou que o Governo não vai “regatear nenhum esforço na ação repressiva”.

“Nós não podemos perdoar a quem não tem perdão. Nós não podemos perdoar atitudes criminosas que estão na base de muitas das ignições que ocorreram nos últimos dias. Sabemos que há fenómenos naturais e sabemos que há circunstâncias de negligência que convergem para que possam eclodir incêndios florestais. Mas há coincidências a mais”, considerou.

Por outro lado, adiantou, o Governo não irá largar “aqueles que, em nome de interesses particulares, são capazes de colocar em causa os direitos, as liberdades, as garantias e a própria vida dos cidadãos e são capazes de empobrecer o país”.

Nesse sentido, adiantou que falou com a ministra da Justiça – com quem esteve reunido antes do início do Conselho de Ministros – para, nos próximos dias, criar em diálogo com a Procuradoria-Geral da República e com as forças de investigação criminal “uma equipa especializada em aprofundar, com todos os meios, a investigação criminal à volta dos incêndios florestais”.

“Eu sei que as portuguesas e os portugueses esperam do sistema judicial uma condenação mais eficaz daqueles que, entretanto, já foram detidos e muitos deles julgados por este crime. Mas não é desses que eu estou a falar. Aquilo que estamos a dizer é que há interesses que sobrevoam estas ocorrências e que nós tudo vamos fazer para identificar e levar às mãos da justiça”, afirmou.

Desde sábado até terça-feira, a Guarda Nacional Republicana (GNR) deteve sete suspeitos de crime de incêndio florestal, nas regiões de Leiria, Castelo Branco, Porto e Braga.

ZAP // Lusa

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7 Comments

  1. Fica bem dizer isto, mas na prática não acontece nada porque não se conhecem… e ele sabe disso. Portanto, palavras ocas.
    Equipar e incentivar os Bombeiros seria mais útil e acertivo.

  2. Todos os políticos, no cargo de primeiros-ministros, consideram que só há criminosos na série de incêndios que houve, há e haverá em Portugal. Felizmente que houve centenas de portugueses que também acudiram para apagar os fogos, e que viram, como os fogos se propagaram por motivos meteorológicos, (de certeza associados ao aquecimento global que é um dos fenómenos do sistema capitalista mundial das últimas décadas), por causa dos ventos na ordem de muitos km por hora e das fagulhas a correrem para os campos do interior do país (que os governos em Portugal têm abandonado há mais de 75 anos) e a pegarem fogo às matas com uma velocidade estonteante. Desta vez a população evitou o pior e os bombeiros também, mas estes tiveram o concurso de muita gente nas aldeias e lugares do interior centro do país, que viram as suas vidas em perigo, as casas rodeadas de chamas e os seus bens. Porque não políticas de povoamento das áreas agrícolas e florestais? Controlou-se por acaso a obrigação de limpeza dos terrenos abandonados? Vi há poucas semanas apenas a limpeza das orlas das estradas. E porque não se procedeu à fiscalização preventiva da lei que manda limpar os terrenos?

  3. Salvo erro li na minha adolescência um livro que se chama NOVOS CONTOS DA MONTANHA. Vejam o que se fazia aos incendiários… acabavam de vez.

  4. Vamos atras dos criminosso….sim senhor, palavras bem ocas. Se tivessem coragem de perseguir a industria do papel, a única que lucra com esta tragédia, ja estava resolvido. Mas não….nunca, dá dinheiro a muita gente….o que sao meia duzia de pobres queimados…

  5. Criminosos? Apanhados em flagrante e são suspeitos. Entram na Justiça como suspeitos e saem livres, leves e soltos por terem “pertubações” do foro psicológico…

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