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Massacre ou motim? Tentativa de fuga de prisão venezuelana resulta em 46 mortos

Miguel Gutiérrez / EPA

Morreram 46 pessoas durante uma tentativa de fuga de uma prisão na Venezuela situada em Guanare, no estado venezuelano de Portuguesa, a 430 quilómetros a sudoeste de Caracas.

Os dados do Observatório Venezuela de Prisões (OVP) indicam ainda mais de 60 feridos, ao mesmo tempo que questiona a versão oficial dos acontecimentos e fala de um “massacre” e de “um motim”.

Carolina Girón, diretora do OVC, exige das autoridades “uma investigação exaustiva sobre o massacre em Cepella, cuja duvidosa primeira versão [oficial] é de que, em plena luz do dia, pelas 13:00, os presos tentaram fugir pela porta principal da prisão”.

A responsável pelo observatório precisou ainda que “os feridos causaram o colapso da área de urgências do Hospital Dr. Miguel Oraá de Cuanare”. A oposição venezuelana responsabiliza o governo do presidente, Nicolás Maduro, pelo ocorrido, e diz que os venezuelanos estão em perigo de vida.

“Em Guanare vemos um novo massacre numa prisão do nosso país, sob o controlo e a responsabilidade da ditadura. Enquanto [o regime] continuar a usurpar funções, a vida de todos os venezuelanos está em risco”, escreveu no Twitter o líder da oposição Juan Guaidó.

A deputada opositora Delsa Solorzano, vice-presidente do Grupo Latino-americano e das Caraíbas de União Interparlamentar, atribui o sucedido “a uma amostra da incapacidade do regime” para solucionar a crise nas prisões.

“Desde há meses que denunciamos as precárias condições dos centros de reclusão do país. A sobrelotação nas prisões e as condições precárias a que submetem os presos na Venezuela são violações claras dos Direitos Humanos, que devem ser garantidos pelo Estado em todas as circunstâncias”, escreveu no Twitter.

Delsa Solorzano denuncia que “a gerência encarregada dos assuntos penitenciários tem sido absolutamente serviçal à estrutura criminosa do poder que reina nas instalações prisionais e que substituiu o Estado na obrigação de custodiar as prisões na Venezuela”.

De acordo com o Público, organizações de direitos humanos já pediram uma investigação às razões do motim e à atuação das forças da polícia.

“Apelamos às autoridades que abram uma investigação minuciosa, que evitem a sobrelotação [nas prisões] e garantam os direitos básicos” dos reclusos, escreveu no Twitter a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.

As primeiras versões davam conta, na sexta-feira, de que pelo menos 17 pessoas tinham morrido e outras nove ficado feridas, durante uma tentativa de fuga do Centro Penitenciário de Los Llanos (Cepella).

As versões iniciais também davam conta de que os presos teriam atacado os oficiais da Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar) que guardam as áreas externas do Cepella, desencadeando momentos de violência.

Segundo a ministra venezuelana de Serviço Penitenciário, Iris Varela, entre os feridos está o director da prisão, Carlos Toro, que terá sido agredido “com uma arma branca” pelos detidos. O director estaria a tentar falar com os detidos quando foi agredido.

Segundo o diário venezuelano Últimas Notícias, tido como próximo do regime, a tenente Escarlet González Arenas foi ferida por fragmentos de uma granada.

ZAP // Lusa

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